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domingo, 27 de setembro de 2015

Caminhos que restam a Dilma

Domingo, 27 de setembro de 2015


O programa que o PMDB colocou no ar nesta semana, seja por seu aspecto sombrio e monocromático ou pelos dez minutos de intensas alfinetadas ao “estrelismo”, assusta muito o PT, mas deixa o PSDB com as orelhas em pé. É uma declaração inconteste de que o poder tem dono. Além de tentar forjar um “distanciamento” do governo Dilma Rousseff, o partido, liderado por Michel Temer e amparado por Renan Calheiros e Eduardo Cunha, mostra a enorme capacidade que tem de distorcer uma realidade que ajudou a construir.

É de escancarado cinismo quando deputados de vários confins do país se colocam como baluartes da honestidade e ousam dizer que o PMDB nada tem a ver com a corrupção escancarada que assola o país enquanto a maior parte de sua cúpula se perpetua no poder central do Brasil, sendo envolvida, ao longo de anos e mais anos, em escândalos sucessivos de subtração de dinheiro público, sem que seja punida ou sofra consequências. “Tirar o país do vermelho”, para a máquina peemedebista, vai muito além de lutar pelo reequilíbrio das finanças do país.

É, nas entrelinhas, a mais contundente ameaça já feita à presidente, que, devido às fragilidades já conhecidas, não tem forças para reagir à chantagem. O PMDB é o tal “diabo”, apontado por Fernando Henrique Cardoso, que arranca da presidente um compromisso pela manutenção dessa força que não é tão oculta assim e que vai se alternando no poder, independentemente de quem seja o presidente. O PMDB persuade a população enquanto acumula mais ministérios. É o partido que tem a vice-Presidência, o comando da Câmara, o domínio do Senado, o maior número de ministérios e a maioria no parlamento. É tudo isso e ainda consegue se pôr como oposição ao que representa e controla, roubando o protagonismo que deveria ser dos tucanos. FHC, por mais que os petistas relutem em concordar, tem razão em sua última análise.

Ele percebe que o caminho do impeachment é ruim para o país e imagina uma saída para a presidente. Segundo ele, somente Dilma poderia romper com esse ciclo nefasto, propondo um novo pacto com a população. Para isso, ela teria que ter a coragem, o desejo e a disposição de impor uma ampla reforma política, mesmo que significasse importantes sacrifícios pessoais. Do contrário, para tentar terminar um governo que já se faz moribundo, Dilma terá que se conformar em ser um mero cordeirinho. Algo muito ruim para uma líder que, no primeiro ano de seu governo, em 2011, mostrava-se vigorosa ao defender seus pontos de vista. Ficará para a história como uma espécie de presidente-zumbi. Certamente, irá resistir com a faixa no peito, porém o instinto de sobrevivência não lhe possibilitará governar.

IG

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