Domingo - 06/07/2014
Por Carlos Santos
Zapeando canais de TV, minutos antes das cobranças de pênaltis no jogo Holanda 0 x 0 Costa Rica (sábado, 5), deparo-me com o “comentarista” e ex-jogador de futebol Roberto Carlos em mais uma de suas pérolas. Outro disparate. Sobretudo para quem já jogara futebol, era uma estupidez esférica.

Krul pula novamente no canto certo e resolve jogo para sua equipe: ousadia e conhecimento (Foto: reprodução do G1)
Ficou abismado porque o treinador da Holanda, o azedo Van Gaal, colocou o terceiro goleiro do seu time – Tim Krul – no lugar de quem jogara toda a partida e prorrogação, o titular Cillesen. Krul entrara “só” para pegar pênaltis, sem o calor do jogo jogado.
Para o ex-jogador, aquilo era um “desrespeito” ao goleiro que atuara toda a Copa do Mundo, o jogo e a prorrogação que terminava em 0 x 0.
Quanta besteira.
Van Gaal, Krul e a história mostraram que o novo comentarista global soltou outra bomba, parecida com aqueles seus chutões, que raramente acertavam o gol adversário.
O goleiro defendeu dois pênaltis e levou a laranja holandesa para a semifinal. Em todas as cobranças, acertou a direção do arremate adversário.
Robeto Carlos sequer teve a palavra retomada para se despedir do público ou comentar o resultado final do que muitos veem como loteria, de forma errônea. Pênalti não é loteria.
Van Gaal e Krul ensinaram ao comentarista, ex-jogador e que se arvora em ser treinador fora do país, que um jogo pode ser decidido pela ousadia e conhecimento.
Deve ser lembrado, que a Holanda fora eliminada nos pênaltis nas Eurocopas de 1992, 1996 e 2000. Lembre-se que também parou nas mãos de Cláudio Taffarel na Copa do Mundo de 1998? Sobravam-lhe maus presságios.
A ciência prova que algumas pessoas tem a capacidade quase “paranormal” de responderem a estímulos externos com maior agilidade que outras.
A reação e simbiose neuromuscular de Krul lhe dão, tudo indica, maior capacidade de percepção quanto ao canto escolhido pelo batedor. Responderia com maior agilidade/velocidade/elasticidade ao toque da bola na direção do gol.
Contabilize-se, ainda, uma estatura de 1,93 metro, envergadura que cresce diante do batedor, além de muito, muito treinamento e estudo quanto aos adversários.
Claramente, o treinador holandês provou que conhece bem seu plantel e tem o domínio da equipe, recheada de jogadores famosos e outros nem tanto.
LOUIS VAN GAAL (Treinador da Holanda, sobre Tim Krul): “Cada jogador tem suas habilidades específicas. Todos nós achamos que o Krul era o melhor goleiro para uma decisão. Vocês devem ter percebido que ele sempre mergulhava para o canto certo. Temos grande orgulho que isso tenha funcionado.”
O próprio goleiro substituído, com cara chorosa, foi o primeiro a saltar para dentro do campo após o resultado vitorioso. Abraçou afetuosamente quem o substituiu. Antes, recusara um aperto de mão de Gaal, irritado, sentindo-se humilhado.
No próximo jogo, deverá ser novamente titular.
Num gesto de humildade, é provável que tenha pedido desculpas ao chefe.
Talvez o comentarista, ex-jogador e imberbe treinador Roberto Carlos tenha aprendido a lição que lhe servirá muito adiante.
Desrespeito, em futebol, é tratar adversário como inimigo; cuspir no rosto alheio, dar cotoveladas, entrar com “carrinho” por trás, na ânsia de sequelar o contendor ou tentar fazer um gol usando a “mão boba”.
Da mesma forma que um treinador muitas vezes faz substituição no curso do jogo de alguém de linha, para bater pênalti, por considerá-lo mais preparado para a exigência sobrenatural do pênalti, pode e deve mudar o goleiro por alguém com maior potencial neuromuscular e psicológico.
Na vida lá fora, também é assim: às vezes precisamos ser mudados de lugar, de função, de papel, para que o time possa vencer – para ganharmos também.
Não é uma regra infalível, mas quem comanda precisa ser Van Gaal, assumindo risco pela ousadia, mas com base no conhecimento que possui da equipe e o foco no resultado.
Enfim, eis o futebol de novo ensinando. Como costumo dizer, “o futebol é a metáfora da vida”.
Por Carlos Santos
Zapeando canais de TV, minutos antes das cobranças de pênaltis no jogo Holanda 0 x 0 Costa Rica (sábado, 5), deparo-me com o “comentarista” e ex-jogador de futebol Roberto Carlos em mais uma de suas pérolas. Outro disparate. Sobretudo para quem já jogara futebol, era uma estupidez esférica.

Krul pula novamente no canto certo e resolve jogo para sua equipe: ousadia e conhecimento (Foto: reprodução do G1)
Ficou abismado porque o treinador da Holanda, o azedo Van Gaal, colocou o terceiro goleiro do seu time – Tim Krul – no lugar de quem jogara toda a partida e prorrogação, o titular Cillesen. Krul entrara “só” para pegar pênaltis, sem o calor do jogo jogado.
Para o ex-jogador, aquilo era um “desrespeito” ao goleiro que atuara toda a Copa do Mundo, o jogo e a prorrogação que terminava em 0 x 0.
Quanta besteira.
Van Gaal, Krul e a história mostraram que o novo comentarista global soltou outra bomba, parecida com aqueles seus chutões, que raramente acertavam o gol adversário.
O goleiro defendeu dois pênaltis e levou a laranja holandesa para a semifinal. Em todas as cobranças, acertou a direção do arremate adversário.
Robeto Carlos sequer teve a palavra retomada para se despedir do público ou comentar o resultado final do que muitos veem como loteria, de forma errônea. Pênalti não é loteria.
Van Gaal e Krul ensinaram ao comentarista, ex-jogador e que se arvora em ser treinador fora do país, que um jogo pode ser decidido pela ousadia e conhecimento.
Deve ser lembrado, que a Holanda fora eliminada nos pênaltis nas Eurocopas de 1992, 1996 e 2000. Lembre-se que também parou nas mãos de Cláudio Taffarel na Copa do Mundo de 1998? Sobravam-lhe maus presságios.
A ciência prova que algumas pessoas tem a capacidade quase “paranormal” de responderem a estímulos externos com maior agilidade que outras.
A reação e simbiose neuromuscular de Krul lhe dão, tudo indica, maior capacidade de percepção quanto ao canto escolhido pelo batedor. Responderia com maior agilidade/velocidade/elasticidade ao toque da bola na direção do gol.
Contabilize-se, ainda, uma estatura de 1,93 metro, envergadura que cresce diante do batedor, além de muito, muito treinamento e estudo quanto aos adversários.
Claramente, o treinador holandês provou que conhece bem seu plantel e tem o domínio da equipe, recheada de jogadores famosos e outros nem tanto.
LOUIS VAN GAAL (Treinador da Holanda, sobre Tim Krul): “Cada jogador tem suas habilidades específicas. Todos nós achamos que o Krul era o melhor goleiro para uma decisão. Vocês devem ter percebido que ele sempre mergulhava para o canto certo. Temos grande orgulho que isso tenha funcionado.”
O próprio goleiro substituído, com cara chorosa, foi o primeiro a saltar para dentro do campo após o resultado vitorioso. Abraçou afetuosamente quem o substituiu. Antes, recusara um aperto de mão de Gaal, irritado, sentindo-se humilhado.
No próximo jogo, deverá ser novamente titular.
Num gesto de humildade, é provável que tenha pedido desculpas ao chefe.
Talvez o comentarista, ex-jogador e imberbe treinador Roberto Carlos tenha aprendido a lição que lhe servirá muito adiante.
Desrespeito, em futebol, é tratar adversário como inimigo; cuspir no rosto alheio, dar cotoveladas, entrar com “carrinho” por trás, na ânsia de sequelar o contendor ou tentar fazer um gol usando a “mão boba”.
Da mesma forma que um treinador muitas vezes faz substituição no curso do jogo de alguém de linha, para bater pênalti, por considerá-lo mais preparado para a exigência sobrenatural do pênalti, pode e deve mudar o goleiro por alguém com maior potencial neuromuscular e psicológico.
Na vida lá fora, também é assim: às vezes precisamos ser mudados de lugar, de função, de papel, para que o time possa vencer – para ganharmos também.
Não é uma regra infalível, mas quem comanda precisa ser Van Gaal, assumindo risco pela ousadia, mas com base no conhecimento que possui da equipe e o foco no resultado.
Enfim, eis o futebol de novo ensinando. Como costumo dizer, “o futebol é a metáfora da vida”.
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