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sábado, 12 de abril de 2014

Cruzamentos viram pontos de assalto

olta para casa: 18h50. Carro parado no semáforo. Foi numa situação cotidiana como essa que a advogada Lúcia Sena, 41, se tornou mais uma vítima de assalto nos cruzamentos de Natal. “Um jovem - acho que tinha 16 anos - chegou ao lado do carro. Eu estava com o vidro aberto e ele anunciou o assalto. Pediu o celular e a carteira. Na verdade, eram dois. Um no meu carro e outro no carro ao lado. Acho que o outro estava armado, porque a mulher gritou muito”, lembra, uma semana após o ocorrido. 
Emanuel AmaralSão vários os motoristas que relatam assaltos nesse cruzamentoSão vários os motoristas que relatam assaltos nesse cruzamento

O caso aconteceu no cruzamento das avenidas Prudente de Morais e Nascimento de Castro, em Lagoa Nova, na última quinta-feira (3). Ao observar que o assaltante estava desarmado, a advogada contrariou a recomendação da polícia. Reagiu, fechando o vidro e arrancando o veículo. O rapaz foi arrastado e conseguiu se soltar poucos metros depois. Segundo a advogada, que preferiu não ser fotografada, os suspeitos sãos os próprios adolescentes que pedem dinheiro no local. 
Relatos como o de Lúcia são comuns. Os casos de assaltos nesses cruzamentos estão se tornando mais comuns, de acordo com os populares. Porém a polícia não conta com dados precisos, especialmente porque muitas vítimas não registram a ocorrência. Na mesma esquina em que a advogada foi abordada, outras histórias são lembradas. “Temos amigos que moram nessa região e já foram assaltados. Estão com medo de colocar o pé na rua, principalmente à noite”, diz o casal Bemjamim de Souza Filho, 51, e Vanessa Melo. Ele, professor de Educação Física e, ela, dona de casa.  De acordo com Bemjamim, a arma utilizada pelos criminosos geralmente é uma faca.  


A Bernardo Vieira é outra avenida em que a onda de assaltos a motoristas e motociclistas é constante. O vendedor Gleidson Ítalo, 27, foi a primeira pessoa abordada pela reportagem no local e, de pronto, afirmou que  escapara de uma abordagem, recentemente.  “Eu estava nesse cruzamento, quando dois homens pararam na frente do meu carro. Quando vieram para cima, acelerei e cortei o sinal vermelho”, lembra. O caso aconteceu duas semanas atrás, de acordo com ele. 

Quem ainda não foi vítima, conhece pelo menos um amigo ou familiar que foi. É o caso do servidor público Albino Lutiani, 34, que passa sempre pelo local.  Para fugir do perigo, os condutores preferem cometer uma infração e atravessar o semáforo, mesmo antes de qualquer ameaça, principalmente à noite. “Quando volto do trabalho, nunca paro aqui”, comenta o garçom Weberton Fernandes, de 26 anos. 

Vítimas em muitos assaltos, os frentistas da região também já presenciaram muitos. “Emparelharam a moto deles com a moto do senhor, empurraram ele e levaram a moto”, lembra um dos trabalhadores. Alvo comum, as motonetas também são muito visadas. “Ali na esquina, tomaram a motoneta de um rapaz. Ele começou a correr e deram um tiro nas costas dele”, revela o frentista Edson Alves. 

De acordo com ele, nem mesmo a presença das viaturas da Polícia Militar na região intimidam os criminosos. “Eles  esperam. Quando a polícia passa, eles dão um tempo, assaltam e correm”, explica o frentista, que já foi assaltado seis vezes no local de trabalho.

A reportagem também recebeu  denúncias de casos ocorridos nas avenidas da Integração e Prudente de Morais, no bairro Candelária. No local, famílias inteiras passam dias e noites nos canteiros.  Diante dos relatos e do medo gerado pela experiência de ser vítima, a população vai ficando paralisada, como a advogada Lúcia, citada no início da reportagem.  “No sinal seguinte, não consegui mais sair com o carro. Estava muito nervosa. Os amarelinhos me tranquilizaram  ajudaram a dar partida, porque acabei atrapalhando o tráfego”, conta. Desde então, ela não sai mais com vidros abertos.

Relatos
Relatos de assaltos estão por outras regiões da cidade. Apenas na noite da última quinta-feira (10), três ônibus foram assaltados na capital potiguar. E os policiais ouvidos nas ruas afirmam que há pouco efetivo. De acordo com pesquisa da Datafolha, cujos dados foram publicados na edição de ontem (11) da TN, um em cada cinco brasileiros com 16 anos ou mais foi vítima de algum crime, considerando roubo, assalto, agressão, sequestro relâmpago e invasão da moradia. 

Na farmácia localizada na Prudente de Morais, do outro lado da rua em que motoristas estão sendo frequentemente abordados, as atendentes contam que já não são vítimas de qualquer criminoso há oito meses - uma marca difícil de ser alcançada. Mas medidas de segurança são adotadas. 

Um adesivo logo na entrada adverte que é preciso tirar o capacete, no caso do cliente ser motociclista, para poder entrar. Na orla de Natal, onde circulavam oito viaturas da Companhia de Turismo da PM, apenas três carros fazem ronda. A informação é de policiais que estavam no relógio de Areia Preta e conversaram com a reportagem sob condição de não serem identificados. 



Fonte: Tribuna do Norte

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