2011 Ano que deverá ser esquecido por familiares de pelo menos 185 pessoas mortas de forma violenta em Mossoró
Jornalista Amanda Melo Especial
Quase duas mortes a cada três   dias. Os números são impressionantes. O ano de 2011 deverá ser esquecido   por familiares de 185 pessoas que foram mortas de forma violenta em   Mossoró. Somente no mês de maio, o mais violento do ano, 27 pessoas   foram mortas. Este ano a população de cerca de 260 mil habitantes viu a   violência crescer de forma assustadora desde o início do ano. A   cidade tranquila do interior potiguar presenciou o ano mais violento de   sua história. 
Foram mortas pessoas de todas as   idades e sexos, acusados de envolvimento com drogas e diversos outros   tipos de crimes. Também foram assassinadas pessoas supostamente   inocentes e sem qualquer envolvimento com o mundo do crime. Para a   promotoria, vidas que se transformaram em estatísticas a partir da falta   de investimentos em segurança pública. 
“A cidade na verdade não   cresceu, inchou e não foram feitos investimentos em segurança pública”,   explica o promotor de justiça, Romero Marinho. O Instituto Técnico de   Polícia Científica, o ITEP, foi um dos órgãos mais prejudicados pelo   descaso. No dia 24 de agosto o adolescente Antonio Magno de Souza Silva,   de 19 anos, permaneceu por mais de 4 horas caído no meio de uma rua à   espera da equipe pericial. Nesse dia não havia motorista de plantão e  os  demais funcionários se recusaram a fazer a remoção, pois estavam com   diárias e plantões atrasados. 
Os problemas atingiram também a   Polícia Militar. Com efetivo e viaturas insuficientes para combater os   crimes, foi preciso realizar diversas operações especiais ao longo do   ano, contando com o apoio de policias de outras unidades. O comandante   do 2º Batalhão de Polícia Militar, Coronel Túlio César destacou a   realização de operações como a que antecedeu o Mossoró Cidade Junina e   também o BOPE do sertão, que trouxe viaturas e agentes do BOPE Natal   para Mossoró. 
Mas, isso não foi suficiente.   Com os agentes da polícia civil em greve durante 55 dias, as   investigações dos crimes foram quase paralisadas. O Delegado de Polícia   Civil Edvan Queiroz informou que “apesar de não terem ficado paradas,  as  investigações correram a passos lentos. Com certeza a greve  atrapalhou  bastante o trabalho da Polícia Civil”, admite. 
Além das mortes que chocaram a   população, ocorrências como assaltos, arrombamentos e roubos de   veículos, mudaram o comportamento dos moradores. Somente no mês de   outubro o Ciosp registrou 1890 ocorrências dessa natureza. Em abril   deste ano, um dos meses mais movimentados, foram registrados 282 roubos,   quase 50% a mais do que no mesmo período de 2010, quando esse tipo de   ocorrência não passou de 200 registros. 
O crescimento da violência foi   atribuído por muitas pessoas à instalação do Presídio Federal na cidade.   Muitos acusados de violência em outros estados da federação foram   removidos para o presídio de Mossoró e com isso alterou o perfil da   criminalidade na cidade. O principal deles, Fernandinho Beira Mar   trazido para a unidade prisional em abril deste ano. A população passou a   ter medo de seguir sua rotina normalmente. “A gente não pode mais   sentar nas calçadas, não pode andar despreocupado pelas ruas. A gente   fica com medo”, revela D. Maria Lúcia, doméstica. 
É preciso mudar de atitude, caso   contrário, o que está ruim, pode piorar. Mas,como reverter esse quadro   em 2012? A resposta pode estar na mudança de postura do governo.   Instituições ligadas diretamente à segurança pública no município já se   mobilizam para impedir que o caos continue avançando. 25 novas câmeras   serão instaladas em vários bairros a partir do próximo ano e o Ciosp   ganhará uma nova sede doada pela prefeitura municipal. 
Além disso, o poder público   municipal deve contratar policiais militares de folga em um projeto que   segue o exemplo do que é feito em São Paulo. “Os policias militares   continuarão intensificando as ações no próximo ano tentando minimizar e   combater essa violência”, garante o Coronel Túlio César. 
O Delegado Odilon Teodósio,   bastante conhecido em Natal pela forma eficaz de combate ao tráfico de   drogas, foi enviado em novembro para ser delegado regional em Mossoró.   Ele chega para assumir a responsabilidade de tentar mudar o quadro de   violência que se espalha pela cidade e traz ânimo para os mossoroenses   que só querem de volta o antigo sossego. “Com certeza esperamos fazer um   bom trabalho para que em 2012 possamos mudar esse quadro”, acredita o   delegado.
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