martins em pauta

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

OAB pede delegado especial para investigar duplo homicídio em Umarizal

A Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) em Mossoró vai solicitar à Secretaria de Estado da Segurança Pública e da Defesa Social (SESED) a designação de um delegado especial para investigar a morte dos irmãos Maxwel Alisson Torquato Cosmo, 28, e Antônio Márcio Torquato Cosmo, 27, durante uma operação policial em Umarizal, ocorrida no dia 20 do mês passado. A família acredita que esteja havendo corporativismo na investigação.

Foi justamente por isso que os familiares dos irmãos resolveram pedir apoio à Comissão de Direitos Humanos da OAB de Mossoró. No encontro de ontem, ficou definido que a Delegacia-Geral de Polícia Civil (DEGEPOL) será oficiada, pedindo a designação de um delegado especial para investigar o caso. A morte dos irmãos está sendo investigada pelo delegado Getúlio Medeiros, que responde pela Polícia Civil em Umarizal. Para o advogado da família, Nelito Ferreira Neto, a participação de policiais militares da região, na ocorrência, pode prejudicar o andamento das investigações sobre o caso.

"Está havendo um certo corporativismo na Polícia, o que está dificultando a investigação. É por isso que viemos aqui na OAB pedir esse apoio. Queremos que haja maior rigor nas investigações", destacou o advogado da família, lembrando que a proximidade do delegado, que responde pela Polícia Civil na cidade de Patu, na qual estão lotados os policiais militares que participaram da ocorrência que resultou na morte dos dois irmãos, pode estar interferindo. No caso de um delegado especial designado para o caso, o advogado e a família dizem acreditar que haverá maior isenção na investigação.

O presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB em Mossoró, Sérgio Fernandes Coelho, adiantou que pretende acompanhar a investigação e que vai adotar outras medidas, além de pedir à Secretaria de Segurança um delegado especial para investigar o caso. Ele adiantou que vai encaminhar ofício ao Ministério Público Estadual, pedindo uma investigação paralela à que já está sendo feita pela Polícia Civil, no âmbito criminal, e a que está sendo feita pela Polícia Militar, administrativamente. "Com essa provocação, vamos acompanhar todo o processo, até o fim", adiantou Fernandes.

Participaram da reunião na OAB a viúva de Maxwel, a comerciante Iara Brígida Soares, o advogado da família, Nelito Ferreira Neto, e quatro membros da Comissão de Direitos Humanos da OAB de Mossoró. Sérgio Fernandes garantiu que as primeiras providências quanto ao assunto serão tomadas ainda nesta semana. Ele diz esperar que, com a participação da OAB, juntamente com o apoio da imprensa, que esteve presente no encontro, haja maior empenho nas investigações. "Nós nos faremos presentes nesse processo até o final para que esse caso não termine impune", adiantou.

Viúva assumiu responsabilidades

Os irmãos Maxwel e Márcio tomavam conta de duas lojas de variedades, uma situada no conjunto Liberdade e outra no Alto da Pelonha, ambas na zona leste de Mossoró, denominadas Styllos Variedades.
Maxwel era o dono das duas lojas, mas contava com a ajuda do irmão para gerenciar as duas pequenas empresas, que agora passaram para o comando da sua esposa, Iara Brígida.
Ela disse à reportagem que foi obrigada, pela situação, a assumir os negócios que antes eram gerenciados pelo marido.

Para a família, a sensação é de muita dor e revolta com a impunidade dos policiais. Eles dizem ter certeza que os irmãos foram mortos em uma ação desastrosa de uma das equipes do Grupo Tático de Combate da Polícia Militar de Patu, que estava atuando em Umarizal no dia que os dois foram mortos.
Iara Brígida e Maxwel eram casados havia seis anos e não tinham filhos, enquanto Márcio era solteiro. Os dois tinham 27 e 28 anos, respectivamente.

Devido às dificuldades de gerenciar duas pequenas lojas, antes administradas pelo marido morto, ela conta que tem tido a ajuda dos familiares.
"A família dele me ajuda em uma loja e minha família me ajuda em outra. Foi a saída que encontramos para não perdermos tudo após a tragédia", disse ontem, durante a reunião com membros da Comissão de Direitos Humanos da OAB.



Andrey Ricardo - do Jornal de Fato, de Mossoró via Tribuna do Norte

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Contato : (84) 9 9151-0643

Contato : (84) 9 9151-0643