Sábado, 25 de outubro de 2025
Em recente pronunciamento na Indonésia, Lula criticou os Estados Unidos por realizarem operações contra traficantes em outros países, afirmando que isso fere a soberania nacional. O presidente chegou a dizer que os traficantes são, na verdade, “vítimas” dos usuários, e que o combate deveria se concentrar no consumo, não na repressão às organizações criminosas. O discurso, embora ideologicamente conveniente, ignora um dado elementar: grande parte dessas facções já é considerada terrorista pelos Estados Unidos, justamente por seu envolvimento com sequestros, assassinatos, tráfico de armas e financiamento de grupos internacionais.
No Brasil, porém, o governo Lula se recusa a reconhecer o caráter terrorista dessas organizações. Lewandowski, em tom professoral, afirmou que “grupos terroristas são aqueles que causam perturbação social e política grave e têm uma inclinação ideológica. Isso não acontece com as organizações criminosas, que são relativamente fáceis de identificar porque praticam crimes previstos no Código Penal”.
A fala do ministro é um retrato fiel da desconexão entre o governo e a realidade das ruas. Facções como o Comando Vermelho, o PCC e outras de igual periculosidade não apenas praticam crimes comuns, elas impõem governos paralelos, cobram “impostos” sobre comerciantes, controlam serviços, julgam, condenam e executam, tudo dentro do território nacional.
Quem não lembra de facções criminosas mandando queimar centenas de ônibus pelo país a fim de levar o terror às comunidades e demonstrar força ao estado?
Quem não lembra de facções criminosas determinar a execução de dezenas de operadores da segurança pública, entre policiais, bombeiros e guardas municipais?
A omissão estatal é tão evidente que, em algumas comunidades, a população sabe que a palavra da facção vale mais do que a da polícia.
O presidente de El Salvador, Nayib Bukele, que transformou o país antes dominado por gangues num exemplo de recuperação, resumiu bem essa situação: “Quando o crime organizado domina territórios, é porque o Estado permitiu. Nenhum grupo criminoso cresce sem a conivência do governo.”
É exatamente essa conivência, seja por omissão, leniência ou conveniência ideológica, que sustenta o avanço das facções no Brasil. O discurso humanista do governo, que tenta pintar criminosos como vítimas sociais, é na verdade uma forma disfarçada de impotência administrativa. Enquanto isso, policiais morrem, comunidades vivem sitiadas e o cidadão comum é refém de um Estado que perdeu o controle.
Diante desse cenário, é impossível não concluir que só existe crime organizado onde o Estado é desorganizado. E no Brasil de Lula e Lewandowski, a desorganização virou política de segurança pública.
Henrique Alves da Rocha
Coronel da Polícia Militar do Estado de Sergipe.
Fonte: Jornal da Cidade Online


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