Sexta, 24 de outubro de 2025
A prefeitura de Mairinque, na região de Sorocaba, obteve na terça-feira (21) outorga emergencial do governo paulista para captar água em um ribeirão ligado à represa de Itupararanga. A autorização tem validade de 90 dias e busca minimizar os efeitos da seca que atingiu o reservatório nos últimos meses.
Em Várzea Paulista, região de Jundiaí, a Sabesp implementou novos pontos de captação no mês passado após enfrentar dificuldades no abastecimento. A companhia emitiu comunicado pedindo desculpas aos moradores pelas interrupções, mas posteriormente informou que a situação foi normalizada.
O decreto de emergência hídrica publicado em 30 de setembro em Americana continua vigente. A cidade, que capta água do rio Piracicaba, implementou projeto específico para combate a perdas no sistema. Segundo a administração municipal, nenhuma intermitência na rede de abastecimento foi registrada nesta quinta-feira.
Amparo também publicou decreto semelhante devido "da redução de captação de água bruta e consequentemente da diminuição do volume de água potável à disposição da população". Entre as medidas adotadas está a proibição de lavar calçadas. O município afirma promover investimentos recordes no sistema de saneamento e aguarda liberação de R$ 40 milhões para construir uma Estação de Tratamento de Água.
Em Bauru, o racionamento enfrentado desde agosto só foi normalizado após fortes chuvas em meados de outubro. Mesmo com a melhora, a autarquia responsável mantém monitoramento constante do reservatório.
A estiagem impacta também os reservatórios de hidrelétricas da bacia do Rio Grande, na divisa de São Paulo com Minas Gerais. Das quatro represas que compõem o sistema, três funcionam com volume inferior a 40%, sendo que duas estão abaixo de 30%. O reservatório mais crítico é o de Água Vermelha, na divisa dos estados, que opera com 24,5% da capacidade.
Os reservatórios de Marimbondo (29,11%) e Furnas (36,65%), administrados pela Axia Energia (ex-Eletrobras), também apresentam níveis baixos. A empresa diz que o volume atual está dentro do esperado para o final do período de estiagem e informa ter iniciado projetos para recuperação de áreas degradadas.
O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) realiza monitoramento contínuo e, quando necessário, indica "ações adicionais ao Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico". A entidade destaca que o principal desafio durante a transição do período seco para o chuvoso "é o atendimento à ponta de carga, horário em que a demanda atinge valores elevados".
O ONS alerta para possíveis consequências econômicas: "Nesse cenário de seca prolongada, pode ser necessário o acionamento de maior quantidade de usinas termelétricas, o que tende a aumentar o custo da operação." A diversificação da matriz energética brasileira, segundo o órgão, "permite a utilização dos recursos das outras fontes disponíveis aproveitando ao máximo cada fonte".
O Sistema Nacional Interligado possui "diversos reservatórios de regularização que permitem o armazenamento das afluências do período chuvoso para uso no período seco", conforme informado pelo ONS.
Na capital paulista e municípios vizinhos, a SP Águas publicou em setembro decreto de escassez hídrica suspendendo novas outorgas nas bacias do Alto Tietê e do Rio Piracicaba. A medida coincidiu com o anúncio da Sabesp sobre redução na vazão de água durante o período noturno.
Em nota, o governo Tarcísio de Freitas (Republicanos) afirmou que a estratégia de reduzir a pressão da água durante a noite economizou 25 bilhões de litros, "volume equivalente ao consumo somado de Santo André, São Bernardo, Diadema e Mauá durante dois meses".
O Sistema Integrado Metropolitano, gerenciado pela Sabesp e que reúne sete mananciais que abastecem a Grande SP, operava na quarta-feira (22) com 29,1% da capacidade. O sistema Alto Tietê registrava 23,1% de reservação, o menor volume desde dezembro de 2015, enquanto o Cantareira operava com 24,6%.
A administração estadual informou estar trabalhando para viabilizar investimentos estruturais que reforcem a segurança hídrica na região metropolitana.
Samuel Barreto, biólogo e gerente nacional de águas da ONG The Nature Conservancy Brasil, defende que os municípios implementem projetos de captação alternativa preventivamente: "Não dá para ficar rezando para São Pedro quando vem a crise", disse o especialista.

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