Sábado, 11 de maio de 2024
Uma faixa em uma das passagens da Avenida Ipiranga em Porto Alegre-RS é um pedido franco: “Senhor ladrão, por favor, pelo amor de Deus, respeite a nossa dor”. É paisagem obrigatória para quem tenta chegar ou sair da Usina do Gasômetro, um dos pontos centrais para saída de barcos que cruzam o Guaíba para resgatar pessoas e animais e levar mantimentos para os que se recusam a deixar suas casas.
E é um desabafo contra a onda de saques que segue em Porto Alegre e a necessidade de socorristas de contar com policiais e seguranças armados nas embarcações.
Além de lidar com a tragédia climática, os moradores da capital gaúcha enfrentam o medo da violência.
Entre os socorristas voluntários no local, há muitos relatos de trocas de tiros na água, assaltos à mão armada e até apreensão de barcos, depois usados para saques.
Um jovem segurança que teve treinamento tático e pediu anonimato ao jornal O Globo contou, ao descer no Gasômetro na sexta-feira, que o perigo é ainda maior à noite, especialmente nas vielas de bairros mais vulneráveis socialmente, tomadas pela água em localidades como Mathias Velho, na vizinha Canoas. Lá não adianta, frisou, ter alguém na embarcação com “pistolinha”: “Tem que ser fuzil”.
Nesta sexta-feira chegaram na cidade 100 homens da Força Nacional para se juntar ao esforço de segurança no estado. Pouco mais de 14 mil militares das Forças Armadas foram deslocados para atuar nas enchentes, que se juntaram ao 6,5 milm policiais da Brigada Militar gaúcho e 188 policiais militares de outros Estados.
Pelo menos 50 pessoas foram presas desde o início das operações de socorro aos atingidos pelas enchentes.
Com informações de Eduardo Graça, O Globo
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