Por François Silvestre
O Rio Grande do Norte é um antiquário político. E como a antiguidade merece respeito, respeitemo-la.
Não falemos de idades, que é deselegante. E a elegância
é uma hipocrisia agradável. Certa vez, Zé Limeira perguntou a dona Antonieta, mulher do Governador Agamenon: “Quantos anos tem a senhora”? Dona Antonieta repreendeu: “Poeta, não é elegante perguntar a idade de uma dama”. Zé Limeira respondeu: “Pois eu jurava que a senhora era mais nova”.


O ano que nasce enrugado é tempo de eleições. São as mesmas e velhas lideranças que tecem as rugas de cada época. E o povo, essa abstração invisível, a oferecer muletas e guias espertos aos olhos embaçados do mesmo comando geriátrico. No meio do fingimento do orgasmo coletivo.
Donde se conclui que o velho mais idiota é o próprio povo, na forma de eleitores. O gaiato Arlequim da Democracia. Que se desculpa ao espernear contra a desgraça pública e depois sai pinotando nas passeatas, feito frevolentes, ao som de ruídos loucos e discursos ocos. Quem são os candidatos?
Robinson Faria diz que é. Quer ser. Topa ser. Mas daí a viabilizar-se há uma baita distância. Por não ter sido candidato, nas eleições passadas, rompeu com o governo e elegeu-se Vice na oposição. Desprestigiado, rompeu novamente e lançou-se candidato. Mendiga aliados.
Fernando Bezerra não se lançou. Nem pediu. Foi convidado e aguarda o tocar das ondas.
Garibaldi Filho jura de pés juntos que não é. Tem motivos. Não lhe acrescenta nada à biografia, a não ser o desassossego de um Estado falido.
Henrique Alves sempre quis. Mas sabe que não pode querer. Mesmo querendo. Tem uma excelente posição nacional, como poucos daqui tiveram. E um histórico de eleições majoritárias nada animador.
Rosalba Ciarlini é afônica, gritando aos ouvidos dos navegantes de Odisseu, defronte do Promontório da Lucárnia.
José Agripino Maia tenta salvar o mandato do filho, numa composição com tradicionais adversários. Nem põe o nome nas alternativas. Originário da exceção, virou regra do museu.
O PT quer vaga no Senado, com qualquer companhia. A pureza também envelheceu, na cavilosa e aconchegante rede do poder.
Wilma de Faria é o Lázaro de todos esses “cristos” aí citados. Ressuscitaram-na. Uns, por descuido. Outros, por incompetência. Nenhum deles gosta dela. Detestam-na. Ela sabe, eles disfarçam. Ela não quer o governo. Maestrina do pantim, quer o Senado. Paraíso-recompensa do pós purgatório. Verão os que viverem.
É o que vejo. E olhe que meus olhos são cuidados pelo Dr. Alexandre Bezerra. Té mais.
François Silvestre é escritor
* Texto originalmente publicado no Novo Jornal.
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