Duas
informações estarrecedoras foram divulgadas ontem sobre a morte do
radialista Francisco Gomes de Medeiros, F. Gomes, morto a tiros no dia
18 de outubro de 2010, quando se encontrava na calçada de sua casa, em
Caicó. A primeira seria que os acusados de serem os mandantes planejavam
envenenar toda a equipe da rádio onde F. Gomes tinha um programa
diário. A segunda dá conta de que parte do dinheiro para pagar o
assassino seria proveniente das arrecadações dos fiéis da igreja
comandada pelo pastor Gilson Neudo, um dos mandantes do crime.
As
revelações foram feitas pela Divisão Especial de Combate ao Crime
Organizado (Deicor), através da delegada Sheila Freitas, titular da
pasta, que concedeu entrevista coletiva à imprensa na manhã de ontem,
onde oficializou o encerramento das investigações e os detalhes que
circundaram o crime.
A
coletiva foi realizada no Fórum de Caicó e contou com a participação do
Fábio Rogério, da Delegacia-Geral de Polícia Civil (Degepol), que
juntamente com Sheila Freitas explicaram detalhes das investigações
sobre o caso F. Gomes.
Segundo
Sheila Freitas, o crime teria sido orquestrado por um consórcio
composto de um comerciante, um advogado, um pastor, um mototaxista, um
soldado e um tenente-coronel atingidos pelas denúncias do radialista em
seu programa diário de rádio.
"A
condução das investigações que culminaram nas prisões dos envolvidos,
bem como a participação de cada um deles no crime foi um trabalho
minucioso, que começou logo após o crime e devido a complexidade do
caso, só agora foi possível encerrar o inquérito e remeter o processo à
Justiça, com todos os envolvidos presos", disse a delegada.
Passo a passo
Um
dia após o assassinato do radialista, a polícia efetuou a prisão do
mototaxista João Francisco dos Santos, o "Dão", autor confesso dos tiros
que mataram F. Gomes. No entanto, as investigações sobre o caso
levantaram outros envolvidos. Dentre eles o comerciante Lailson Lopes, o
"Gordo da Rodoviária", como mandante do crime, seu advogado Rivaldo
Dantas de Farias, o pastor Gilson Neudo Soares do Amaral, além do
soldado Evandro Medeiros e do tenente-coronel Marcos Antônio de Jesus
Moreira.
O
"Gordo da Rodoviária", preso desde o dia 21 de janeiro do ano passado,
teria sido o mandante do assassinato, motivado pelas denúncias
constantes do radialista sobre o tráfico de drogas e também por causa da
amizade e admiração que a esposa do acusado tinha com a vítima. Lailson
Lopes, inclusive, compareceu ao velório de F. Gomes para não ser
considerado suspeito.
A
delegada afirmou que o assassino confesso João Francisco dos Santos
recebeu R$ 10 mil para matar o radialista. O dinheiro para pagar seria
dos fiéis e da venda de um jet-ski, de propriedade do tenente-coronel
Marcos Moreira.
A
polícia chegou ao encerramento do inquérito depois que o "Gordo da
Rodoviária" entregou todo o esquema, detalhando a participação dos
envolvidos. "Desde o início investimos em Lailson Lopes. Ele entregou
todo o esquema, mas até hoje nega participação", disse.
A delegada ainda garantiu: "Todos têm participação no crime, mas o que tem a maior é o advogado Rivaldo Dantas".
A
delegada Sheila Freitas disse que o plano inicial do grupo criminoso
era enviar um lanche para o café da manhã da rádio, como se tivesse sido
um presente de uma panificadora, para matar F. Gomes envenenado e
outras pessoas que degustasse o lanche.
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