martins em pauta
domingo, 4 de setembro de 2011
Vagas em abundância e bônus atraentes
O deficit de empregos é uma realidade no Brasil e considerado um dos problemas mais graves para o crescimento econômico dos países em desenvolvimento. A falta de oferta de trabalho, além de diminuir o poder de compra da população, também contribui para o surgimento de outros problemas sociais, como o surgimento dos subempregos. No entanto, no Rio Grande do Norte, há setores que buscam trabalhadores qualificados para manter o crescimento e atender à demanda do mercado consumidor. Este é o caso da construção civil potiguar. A expansão do ramo continua e há cada vez mais empreendimentos sendo lançados. A procura por funcionários capacitados segue no mesmo caminho.
O ramo da construção civil vem acumulando alto índice de crescimento no Estado. Entre 2005 e 2007, um ano antes da grande crise internacional, o número de unidades finalizadas subiu de 2.500 para 7.816, somente em obras de empresas associadas ao Sindicato da Indústria da Construção Civil do Rio Grande do Norte (Sinduscon). O aumento significou um salto de R$ 330 milhões para R$ 1,15 bilhão no valor de vendas dos imóveis. Para este ano, a expectativa de crescimento continua. Enquanto em 2010 o número de unidades chegou a 8 mil, a previsão para 2011 é de 14.300, o equivalente a R$ 2 bilhões no valor previsto para as vendas.
Os números comprovam o aquecimento do mercado e os empresários garantem que a demanda ainda vai prosseguir. "Há um deficit habitacional e por isso os empreendimentos são vendidos. Existe um aumento no número de imóveis, mas que ainda é incapaz de suprir a demanda", explicou a vice-presidente do Sinduscon, Larissa Dantas Gentile.
A expansão do ramo e da oferta de novos imóveis teve, em sete anos, um salto de 2.000% no valor anual das vendas dos empreendimentos. Um percentual considerado alto, principalmente se tratando de um Estado relativamente pequeno. Em Natal, a quantidade alta de novos empreendimentos lançados para uma população inferior a um milhão de habitantes poderia preocupar os investidores devido à grande oferta de imóveis para um mercado consumidor que, à primeira vista, poderia ser pequeno. Contudo, não é o que ocorre. "Causaria preocupação se não houvesse esse deficit (habitacional) tão grande e se houvesse uma aceleração maior do que a atual. Mas, do jeito que está, o mercado comporta", disse a dirigente do Sinduscon, que vê outro ponto como a maior preocupação atual do setor.
Para que as obras em curso no Estado sejam tocadas, os empresários precisam fazer malabarismos para conseguir mão de obra qualificada. A procura por bons pedreiros e mestres de obras segue complicada e é difícil encontrar algum profissional de qualidade que não esteja empregado ou já tenha acordo firmado para outra obra logo após o fim das em que estão atuando. A forma de atrair os melhores funcionários é a mesma utilizada nos demais ramos da economia: oferecimento de benefícios.
Um bom ambiente de trabalho, prêmios por metas atingidas e uma boa relação com os chefes são algumas das "armas" para
atrair os melhores profissionais da construção civil. O piso salarial do setor, após reivindicações e protestos da categoria, está em R$ 702,00 em 2011, mas com alta produtividade os profissionais podem ter bônus de até R$ 2 mil mensais nas obras, que, dependendo do tamanho do empreendimento, podem durar até três anos. Os vencimentos, apesar de estarem acima da realidade de muitos dos trabalhadores brasileiros, não são a garantia de que haverá mão de obra abundante.
De acordo com dados do Cadastro Geral dos Empregados e Desempregados do Ministério do Trabalho e Emprego (Caged/MTE), estão ocupados 35.645 postos de trabalho formais no Rio Grande do Norte. O número, apesar de expressivo, ainda é considerado insuficiente pelo setor da construção civil potiguar. Os próprios trabalhadores confirmam que há empregos em abundância. "A gente avalia as propostas e vê a melhor. Hoje só fica desempregado quem quer", garante o mestre de obras Armando Crispim, 65 anos, há 42 atuando no setor. E os jovens também estão de olho no crescimento do mercado. "Sou filha de pedreiro e, além do orgulho que sinto pelo trabalho dele, vejo um crescimento contínuo, não falta emprego", disse Fabrízia Naiara dos Santos, de 18 anos, que quer ingressar no ramo da construção civil.
Mesmo com a dificuldade para conseguir mão de obra capaz de suprir completamente a demanda, os empresários comemoram o momento do setor, mas ponderam que é necessário planejamento para o futuro. E isso é o que vem sendo feito. Hoje, diversos cursos para a formação dos profissionais são realizados em Natal através de parcerias envolvendo o ramo empresarial. Na maioria dos casos, as aulas são gratuitas ou os alunos arcam apenas com os custos básicos. Há, inclusive, uma iniciativa para que trabalhadores do setor rural, mais especificamente dos que trabalham na colheita da cana-de-açúcar, sejam capacitados e absorvidos pela construção civil. O objetivo principal é fazer com que não falte mão de obra qualificada para os próximos anos no Rio Grande do Norte, principalmente com a previsão das grandes obras que virão nos próximos anos. "Para a sociedade, não é um problema. Há uma oferta de mão de obra e há cursos para que esses trabalhadores façam e, posteriormente, atuem na área. Apesar da falta de mão de obra ser um problema para os empresários, a expectativa é que as ações deem resultado em pouco tempo", concluiu Larissa Dantas Gentile.
Empresas investem em pessoal
Enquanto em outros Estados, teme-se um apagão no setor da construção civil devido a falta de mão de obra, o Rio Grande do Norte ainda não tem esse risco. Entretanto, os cursos de formação da construção civil seguem como principal maneira para garantir que exista oferta suficiente de mão de obra no futuro. E é para atingir essa meta que os próprios empresários estão investindo na formação dos profissionais.
Através de parcerias entre sindicatos ligados ao ramo da construção com empresas públicas e privadas, funcionam em Natal centros de formação profissional para pedreiros, instalador predial, pintor, carpinteiro e outras funções necessárias para as obras, com os alunos recebendo aulas sobre noções de instalações elétricas, hidráulicas, desenho técnico e medições. Os centros, que começaram a funcionar e ser subsidiados pelo ramo empresarial a partir do início dos anos 2000, têm cursos de curta e média duração, sendo necessárias aproximadamente 160 horas de aulas para a qualificação básica do funcionário, dependendo da função que queira exercer.
O diretor regional do Serviço Nacional da Indústria (Senai), Rodrigo Melo, explica que os cursos têm grande importância no momento atual porque, com o crescimento do mercado e necessidade do cumprimento de prazos cada vez mais exíguos, os profissionais, ao contrário do que ocorria há anos, não podem mais ser capacitados durante a execução do trabalho nos canteiros de obras. Na opinião de Melo, esse é o momento ideal para que os trabalhadores busquem a qualificação. "Não existe busca maior por um pedreiro, ou instalador elétrico, ou operador de máquinas. Nenhuma atividade do setor tem profissional em estoque. É o momento de buscar os cursos e se qualificar porque haverá um crescimento de oferta de trabalho, com ganho real para o trabalhador nos próximos três anos", acredita o diretor do Senai.
Via Tribuna do Norte editado por Martins em Pauta
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