martins em pauta

domingo, 17 de julho de 2011

Henrique: Quem duvida que o PMDB não terá candidato vai quebrar a cara

Líder do partido fala sobre os planos da legenda em Natal e da interação entre os membros da aliança PT-PMDB em Brasília.


Henrique Eduardo Alves, deputado e líder do PMDB na Câmara Federal.
Deputado e líder do PMDB na Câmara Federal, Henrique Eduardo Alves não quer saber da hipótese de o seu partido não ter candidato próprio à Prefeitura de Natal em 2012. Apesar de o primo Garibaldi Filho ter cogitado o apoio a Carlos Eduardo, hoje no PDT, Henrique desconversa e defende que o deputado Hermano Morais seja a indicação. Porém, nesta entrevista ele deixa claro que "quem se dispor a ser o pré-candidato do PMDB deve começar a se mobilizar já no segundo semestre deste ano".

Além de política local, Henrique comenta sobre um gesto seu durante almoço de líderes em Brasília, em que apareceu com um bolo em comemoração a aliança PT-PMDB. A "brincadeira" do parlamentar arrancou comentários até da presidenta Dilma Rousseff.

Diógenes Dantas – Esta semana o senhor chegou em um almoço de líderes partidários com um bolo. Qual o motivo?

Henrique Alves
– Desde o início do trabalho legislativo, em março deste ano, que o líder do governo, o ministro das relações institucionais, e agora a Ideli Salvatti se reúnem em um almoço de trabalho – todos da base governista – para preparar a pauta da semana. Toda terça-feira um líder convida para a sua casa. Cada um de nós já deu dois ou três almoços desses em nossas residências. O deputado Paulo Teixeira do PT, que parece ter um escorpião no bolso, não tinha dado.

DD – Ele é o líder do PT na Câmara...

HA – Isso, ele ia para a casa dos outros e comia, mas na casa dele necas. Até que ele resolveu fazer a última reunião na sua residência. Então para fazer uma brincadeira bem humorada levei para confraternização um bolo que simbolizava essa aliança entre PT e PMDB que é real, e coloquei também uma mensagem que é “Amor a 15ª vista”que representa o PMDB.

DD – Teve muito petista que engoliu o bolo em seco?

HA
– Tomava um copo d’água e o bolo descia. Mas a verdade é que essa aliança existe, conquistou o Governo do Brasil com a eleição de Dilma, o vice-presidente é do PMDB e está melhor a cada dia. Quanto a mim, faço esse trabalho de coordenação e de interação da aliança que eu acho muito boa para o país e para o Governo Dilma.

DD – Esta semana em um dos meus comentários, eu dizia que a mensagem principal desse bolo era que o PMDB não está no governo, ele é governo. Foi eleito. Foi isso que o senhor quis dizer?

HA
– Existem várias leituras. Essa aliança é tão importante que a presidente Dilma recebeu na quarta-feira os parlamentares da base, com todos os ministros de Estado para fazer um balanço do primeiro semestre e agradecer as votações importantes que a base aprovou e no meio do seu discurso lá vem ela falar do bolo.

DD – Levaram o bolo para ela?

HA
– Não. Devoramos o bolo na liderança do PT.

DD - O PT sempre faminto por bolo e cargos.

HA
– É, antes diziam que era o PMDB, mas agora tá mudando um pouco. Mas, enfim, ela citou o bolo e parabenizou os líderes do PT e PMDB por esse gesto, que ela entendeu como de aproximação. Perguntaram: “A senhora comeu o bolo”, ela respondeu “não, mas soube que era muito bom, de nozes”. Mas parabenizou o gesto.
Foto: Elpídio Júnior
"Perguntaram: 'A senhora comeu o bolo', ela respondeu 'não, mas soube que era muito bom, de nozes'. Mas parabenizou o gesto."

DD – Outra vez o senhor enviou um bambolê para a então ministra, Dilma Rousseff.

HA
– É, mas com resultados duvidosos... (risos)

Marcos Alexandre – No PMDB houve quem não digerisse muito bem esse bolo. O ex-ministro Geddel Vieira Lima, criticou duramente o gesto. Como o senhor vê esse posicionamento dele?

HA
– Faz parte. Eu tenho tanto carinho por Geddel que ele pode dizer o que quiser e eu recebo como uma crítica construtiva.

DD – Mas soou como resentimento...

HA
– Eu entendo. Na Bahia o clima é muito acirrado entre PT e PMDB. Na campanha tentamos fazer um acordo, mas não foi possível. Geddel foi disputar o Governo do Estado com o nosso apoio, não foi vencedor, mas fez uma bela campanha com mais de 1 milhão e 200 mil votos. Lá é muito acirrado, então eu entendo o posicionamento dele. Logo vamos nos encontrar, e nos entender.

DD – Após duas demissões, duas crises políticas no Governo Dilma, inclusive, depois da votação do Código Florestal, houve um estremecimento na relação com o PMDB, como está agora a base aliada em Brasília, e essa história da partilha dos cargos nos 2º e 3º escalões?

HA
– Olha, o que aparentemente poderia gerar uma crise. Há males que vem para o bem. O ministro Palocci por toda a sua força natural na pré-eleição, na eleição, na montagem do governo, acabou sendo um tríplice Palocci. Ele era o gestor da Casa Civil, era o assessor mais direto da presidenta Dilma. Se você ligasse para a Casa Civil meio dia, duas horas, cinco horas da tarde a resposta era sempre que ele estava com a presidenta. Ele a prestava uma assessoria direta, era o gestor da Casa Civil, e interferia nas questões políticas. Então ele engarrafou todo esse meio de campo. Terminou prejudicando a gestão por falta de tempo e a articulação política. Assim, com essa reformulação a ministra Gleisi só cuidando da Casa Civil, e a ministra Ideli Salvatti da articulação política começou desengarrafando um pouco esse meio de campo. As coisas começam a fluir melhor para cuidar dos assuntos do Governo e a pauta no Congresso. É cada um cuidando do que deve.

MA – E essa aliança PT e PMDB será levada adiante na eleição para a Presidência da Câmara Federal?

HA
– Essa questão do PT – PMDB é bom recordar que na penúltima eleição, o PMDB fez a maior bancada na Câmara, e o PT conversando conosco fez uma parceria de ter um rodízio, entre as duas maiores bancadas, para se revesar no comando da Casa como uma estratégia de articular melhor, e assim, foi feito. Porém, na época o PT pediu para ter o primeiro mandato, e assim foi feito. Nós elegemos o deputado Chinaglia que foi um grande presidente da Casa, e no mandato seguinte, o PT cumpriu religiosamente e ajudou a eleger o nosso Michel Temer pela terceira vez presidente da Câmara dos Deputados. Agora de novo, só que inverteu o papel. O PT fez a maior bancada e disse que queria o primeiro rodízio e nós ficaríamos com o segundo, e não foi só a palavra que para nós bastaria, mas além disso, fizemos um documento acertando esse rodízio.

DD – O senhor não teme traição?

Foto: Elpídio Júnior
"O PT pode ter muitos defeitos, mas na hora de determinar uma decisão, ele cumpre".
HA – Não. O PT pode ter muitos defeitos – como vários outros partidos- mas na hora de determinar uma decisão, ele cumpre.

MA – Sobre a Reforma Política, qual será o posicionamento do PMDB em relação a temas como financiamento público de campanha, voto distrital, coincidência das eleições, enfim, qual será o posicionamento do partido?

HA
– O PMDB tem uma proposta pronta que vai apresentar no início de agosto dentre tantas outras que serão discutidas. Primeiro, do jeito que está não pode continuar, a pior proposta política hoje é a existente no Brasil, não quero mais passar por dessabores e desgostos deste processo eleitoral do jeito que está.

DD – E em Natal, a candidatura de Hermano Morais é pra valer?

HA
– O PMDB terá candidato próprio em Natal, si. Essa é uma decisão do Diretório Nacional ratificada em reunião que tivemos recentemente. Quem esperar o contrário vai quebrar a cara.

DD – O seu primo Garibaldi Filho esteve aqui recentemente e disse que o PMDB ainda não tem um nome para a disputa.

HA
– Pode não ter hoje, mas a eleição é daqui a 1 ano e meio. Eu acho que falar de eleição agora não ajuda o processo de desenvolvimento do Estado que precisa da unidade da Casa política, que todos nós nos unimos para ajudar a governadora Rosalba, a prefeita Micarla, os demais prefeitos do Estado, enfim, eu acho que se começarmos agora a nos dividirmos porque aquele pode ser candidato, aí você não se alia a ele, aquele poderá vir a ser candidato, você já fica contra ele. Eu acho que nesse momento nós temos muitos desafios a vencer como o aeroporto, o porto, a ZPE, a questão das eólicas. Eu acho que é hora de unir toda a classe política, se começar a falar agora em candidaturas pré-fixadas, os candidatos começam a se afastar uns dos outros com os seus partidos. Hoje ainda não há essa disposição de ter esse nome, mas a tese de candidatura própria é irreversível dentro do PMDB, e pela convivência eu acho que o nome mais provável pela sua atuação na capital, pela bela eleição para estadual que teve é o deputado Hermano Morais, sim.

MA – Garibaldi Filho advogou que o PMDB só entre na disputa se tiver um candidato viável, hoje, o deputado Hermano Morais tem menos de 4% nas pesquisas mais recentes. A gente não vê movimentação hoje do PMDB, como vai ser trabalhada essa candidatura?

HA
– Eu respeito as pesquisas, mas estamos a 1 ano e meio da eleição, então acho muito prematuro.

MA – Mas além das pesquisas a gente não vê a movimentação. Ele disse que quem quiser ser candidato tem que mostrar a cara.

HA
– Essa observação é correta. Quem se dispuser a ser candidato tem que começar a se mobilizar agora no 2º semestre de forma que não comprometa o trabalho legislativo para congregar. Mas é preciso ter os primeiros contatos com as bases, as lideranças comunitárias, com a militância do PMDB e eu acho que o deputado Hermano Morais começará a fazer isso. A idéia é que em setembro comecemos alguns encontros, já começamos a discutir temas e idéias para a cidade do Natal.

DD – Na mesma entrevista, Garibaldi disse que se Carlos Eduardo se filiasse ao PMDB seria o candidato do partido e da família, mas se fala que o grande empecilho seria o senhor. Então eu lhe pergunto: o senhor tem problemas com o seu primo Carlos Eduardo Alves?

HA
– Você vai vivendo na política, amadurecendo, e aprendendo a trocar um pouco a habilidade excessiva pela verdade absoluta que tem que ser dita, mesmo que as vezes não seja conveniente. Primeiro separar a questão familiar. Eu não discuto mais questão de família, isso está superado na política do Rio Grande do Norte, os Alves se dividiram há muito tempo e isso perdeu substância. Agnelo no PDT, Carlos Eduardo também, então não há mais essa caracterização de família dentro do partido. Eu estou fazendo um convite carinhoso para Geraldo Melo voltar, ou seja, o partido está tendo uma cara mais ampla que não é apenas a cara de Henrique e Garibaldi. Em segundo lugar eu tive, realmente, um desentendimento com o ex-prefeito Carlos Eduardo quando ele era vice-prefeito e aliou-se a Wilma numa disputa pelo Governo do Estado. Eu acho que ali teve um desentendimento, mas faz tanto tempo, que você não pode ficar carregando as coisas do passado, mas sim aprender com elas. Está inteiramente superado. Acho que ele é uma liderança importante, foi um bom prefeito para Natal, da minha parte eu não veto a quem quer que seja. Agora quem vier para o PMDB tem que acreditar nessa nossa força, isso vale para o ex-prefeito Carlos Eduardo, Luiz Almir, Enildo Alves, a todos que queiram conversar com o PMDB saibam que esse é o novo PMDB, claro, amadurecido.
Foto: Elpídio Júnior
"Eu não discuto mais questão de família, isso está superado na política do Rio Grande do Norte, os Alves se dividiram há muito tempo e isso perdeu substância."

DD – Carlos Eduardo diz que não vai voltar para o PMDB agora para a eleição em 2012. Caso não consiga um candidato viável, o PMDB vai se aliar a outro partido?

HA
– O PMDB vai ter candidato próprio em 2012. O partido está há 20 anos sem disputar a prefeitura de Natal. Eu assumo o nosso equívico do passado, em não ter apoiado a candidatura de Hermano, mas isso será corrigido.

Fonte Nominuto editado por Martins em Pauta

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