Terça, 24 de junho de 2025
Já para Eliane “uma mortezinha aqui, outra ali” Cantanhêde, trata-se de um “erro de cálculo” ou, na pior das hipóteses, “uma vingança boba”. Em resumo, um ato impensado que vai expor o presidente a críticas do bolsonarismo. “Não parece uma boa ideia”, conclui a jornalista. Tudo em sua coluna se resume às aparências.
Cantanhêde recheia a sua coluna de pérolas. Por exemplo, compara a visita a Kirchner à não presença de Milei na cúpula do Mercosul no Paraguai, como se fosse uma mera troca de provocações, e como se boicotar a reunião de um órgão de comércio fosse minimamente comparável à visita a uma corrupta condenada.
Outra coisa que pode “pegar mal” é a crítica subjacente à justiça argentina, justamente no momento em que o judiciário brasileiro está sob ataque dos bolsonaristas. Como se os petistas, liderados por Lula, não tivessem batido no judiciário brasileiro até cansar nos episódios do mensalão e do petrolão. “Pode parecer” que Lula desrespeita o judiciário, diz a jornalista. Piada.
No final, a colunista lembra que Cristina nunca visitou Lula em sua prisão, e que, portanto, não haveria essa obrigação de reciprocidade. Cantanhêde deve ter esquecido que o então candidato à presidência da Argentina, Alberto Fernandez, certamente representando a sua vice na chapa, Cristina Kirchner, pagou o pedágio da esquerda latino-americana, e foi beijar a mão de Lula em Curitiba. Ninguém larga a mão de ninguém, e Lula certamente deve esse gesto de solidariedade à sua companheira.
O lado da jornalista está na essência de sua coluna: o problema da visita de Lula não estaria na visita em si, mas somente no flanco que abre para os bolsonaristas. Como se democratas de várias cores não devessem repudiar essa visita nos mais duros termos. Para quem tem lado, tudo se resume na luta política.
Marcelo Guterman. Engenheiro de Produção pela Escola Politécnica da USP e mestre em Economia e Finanças pelo Insper.
Fonte: Jornal da Cidade Online
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