Segunda, 18 de Dezembro de 2017
A quantidade de pessoas que decidiram deixar o Brasil para viver em outro país cresceu 165% em um período de sete anos. Em 2011, 8,1 mil declarações de saída definitiva foram entregues à Receita Federal; em 2017, contudo, esse número mais que dobrou, e 21,7 mil brasileiros deixaram o país até 13 de dezembro (dados mais recentes).
O salto mais expressivo na debandada coincide com o auge da crise econômica no Brasil, de 2015 para 2016, quando o número de declarações entregues subiu mais de 40%. No ano anterior, o aumento tinha sido de 19% e, de 2013 para 2014, de 24%. Os números englobam tanto as saídas de brasileiros quanto de estrangeiros que residiam no país.
“Havia a expectativa de que a economia ia começar a melhorar e também um movimento xenófobo [no mundo], que poderia desacelerar esse processo [de saída do Brasil]. Mas as perspectivas para a política no ano que vem desanimam”, afirma Jorge Botrel, sócio da JBJ Partners, empresa especializada em empreendedorismo e expatriação para os Estados Unidos, lembrando que 2018 é ano de eleições no Brasil.
No escritório de Botrel, a demanda por assessoria para deixar o Brasil está aquecida. Em 2016, ele atendeu cerca de 60 clientes, dos quais 15 já foram embora do país. Em 2017, continua ele, já foram 120 atendimentos, e 25 desses clientes já embarcaram.
“Estamos falando de pessoas qualificadas. O perfil do imigrante não é mais aquele que vem com uma mão na frente e outra atrás. São altos executivos, que estão abandonando suas carreiras para abrir um negócio, pessoas com PhD. É um movimento triste, porque o Brasil está perdendo recursos”, destaca.
Botrel afirma que aqueles que procuram seus serviços são, normalmente, pessoas na faixa dos 30 aos 55 anos de idade, que se mudam com a família. “São casais com filhos pequenos que querem dar um futuro melhor para eles, muitos empresários”, conta.
Esse é exatamente o perfil do paraquedista Ronaldo Tkotz, de 36 anos. Depois de muito ir e vir, ele fincou o pé nos Estados Unidos em maio. E levou a esposa e os dois filhos: um menino de 4 anos e uma menina de 2 anos.
Os investimentos de brasileiros em imóveis no exterior quase dobraram de 2011 para 2016: de US$ 3,6 bilhões para US$ 6,1 bilhões, segundo dados do Banco Central.
Os Estados Unidos são o país preferido, onde foram aportados US$ 2,3 bilhões em imóveis no ano passado. Portugal vem em segundo lugar, com US$ 725 milhões, seguido de França, com US$ 589 milhões, e Itália, com US$ 290 milhões.
Matias Alem, fundador da Beyond Realty Group (BRG), que comercializa imóveis de luxo em Miami, no estado da Flórida (EUA), diz que a procura de brasileiros por apartamentos no tradicional destino de compras aumentou nos últimos dois anos.
“A gente mostra muito apartamento para brasileiros e vê profissionais qualificados se mudando para cá. Quem tem negócio grande no Brasil e não pode deixar o país também compra como segunda residência”, diz.
Os imóveis que ele vende custam, em média, US$ 5 milhões (cerca de R$ 16,5 milhões).
G1 / Blog do BG
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