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terça-feira, 24 de junho de 2025

Braga Netto chamou Cid de ‘mentiroso’ em acareação no STF sobre suposta trama golpista, diz advogado de ex-ministro

Terça, 24 de junho de 2025

Foto: DIDA SAMPAIO/ESTADÃO CONTEÚDO/Beto Barata/PR

O advogado José Luis de Oliveira Lima, o Juca, que representa o ex-ministro Walter Braga Netto, afirmou nesta terça-feira que seu cliente chamou o tenente-coronel Mauro Cid de “mentiroso” em acareação no Supremo Tribunal Federal (STF).

Em depoimento no processo da suposta trama golpista, Braga Netto já havia afirmado que Cid, que o citou em sua delação premiada, havia faltado com a verdade em mais de uma ocasião.

— O general Braga Netto chamou de mentiroso em duas oportunidades o senhor Mauro Cid, que permaneceu durante todo o ato com a cabeça baixa. Ele (Cid) não retrucou quando teve a oportunidade de falar (…) Mauro Cid se contradisse mais ainda. Estava constrangido, de cabeça baixa — afirmou Juca.

A acareação chegou ao fim pouco depois do meio-dia, após quase duas horas. A audiência foi conduzida pelo ministro Alexandre de Moraes, relator do processo, e teve a participação do ministro Luiz Fux e do procurador-geral da República, Paulo Gonet.

Na sequência, o também ex-ministro Anderson Torres vai confrontar o ex-comandante do Exército Marco Antônio Freire Gomes. As acareações foram pedidas pelas defesas de Braga Netto e Torres e têm como objetivo esclarecer contradições entre os relatos. As sessões não serão gravadas, mas as atas vão ser divulgadas.

Divergências

A defesa de Braga Netto apontou ao STF duas divergências entre os depoimentos do general e os de Mauro Cid: sobre uma reunião ocorrida em sua casa, em novembro de 2022, e sobre a suposta entrega de dinheiro que ele teria feito ao tenente-coronel. ]

Nesta terça-feira, Juca afirmou que Cid continua se contradizendo em relação ao local da suposta entrega de dinheiro.

— Agora ele trouxe um terceiro lugar que poderia ter sido entregue o dinheiro. Aí uma hora eu perguntei: “mas o senhor tem prova disso? Cadê a prova da entrega do dinheiro?”. Aliás, ele não tem prova de nada.

De acordo com Juca, os três locais seriam duas garagens do Palácio da Alvorada a sala dos ajudentes de ordens, posição que Cid ocupava na época.

Em seu interrogatório no STF, há duas semanas, o tenente-coronel afirmou que não se lembrava de onde o dinheiro teria sido entregue:

— O local efetivo eu não me lembro, talvez, na garagem ou ali no corredor, na sala dos ajudantes de ordens ali, mas eu lembro que o que me marcou foi que eu peguei e até escondi pra deixar embaixo da mesa, perto do meu pé ali, pra ninguém mexer.

Já a acareação entre Torres e Freire Gomes deve focar na participação ou não do ex-titular da Justiça em reuniões no Palácio da Alvorada em que o ex-presidente Jair Bolsonaro apresentou medidas para reverter o resultado da eleição de 2022.

As acareações ocorrerão na sala de audiências do STF, em um dos anexos da Corte, de forma fechada. O relator, Alexandre de Moraes, irá conduzi-las, com a participação do procurador-geral da República, Paulo Gonet. O procedimento está previsto no Código de Processo Penal para quando houver divergências sobre “fatos ou circunstâncias relevantes” entre os relatos de investigados e testemunhas.

Bolsonaro poderá acompanhar as audiências no STF, como informou a coluna de Lauro Jardim. Tanto ele quanto os demais réus têm direito a comparecer. O ex-presidente, porém, está em tratamento para uma pneumonia e sua presença é incerta (veja mais abaixo).

Braga Netto, que está preso preventivamente no Rio desde dezembro, foi autorizado a ir a Brasília para participar presencialmente. Essa foi a primeira vez que ele deixou a unidade militar onde está detido. Nos interrogatórios, feitos há duas semanas, ele participou por videoconferência. Já Freire Gomes chegou a pedir para participar de forma remota, de Fortaleza, onde mora, mas desistiu.

Com informações de O Globo

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