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terça-feira, 7 de novembro de 2023

Falas de Lula sinalizam para descontrole fiscal, dizem economistas

Terça, 07 de novembro de 2023

Reprodução

O mercado financeiro não recebeu bem as declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre não cumprir a meta de zerar o deficit primário em 2024. O chefe do Executivo disse não querer cortar bilhões de reais em obras e investimentos prioritários no próximo ano.

Economistas consultados pelo Poder360 avaliam negativamente uma eventual mudança na meta fiscal para 2024. Na visão da maioria, a fala de Lula sinaliza para um descontrole das contas públicas.

O assunto é objeto de discussão no governo, mas ainda não há consenso sobre o novo percentual (deficit de 0,25% ou 0,5% do PIB) nem sobre quando a alteração seria apresentada pelo Planalto.

Ex-secretária de Desenvolvimento Econômico do Estado de São Paulo e sócia-diretora da Gibraltar Consulting, Zeina Latif afirma que a relativização de Lula sobre a meta zero “machuca a reputação” do governo. “O ideal seria fazer todo o esforço para cumprir a meta, mas o governo fez uma opção por aumentar gastos”, declara.

A economista avalia que o governo “acabou de se comprometer com a meta” e que a forma de mudá-la também é ruim. “Não vem com nenhum compromisso de ajuste fiscal. Foi atabalhoada a movimentação de Lula, um processo ruidoso”, diz.

Jeferson Bittencourt, ex-secretário do Tesouro Nacional e economista da ASA Investments, afirma que o contingenciamento previsto na nova regra fiscal se torna “improvável” com a declaração do chefe do Executivo e acentua as estimativas de rombo fiscal no próximo ano.

“O ideal seria seguir com as regras do arcabouço, contingenciar no limite da regra. Caso a meta fosse descumprida no final do ano, deveria deixar os gatilhos da própria lei complementar atuar”, declara.

Para Bittencourt, a transparência do governo sobre o tema é “melhor” do que seguir “medidas não convencionais, que não garantem um ajuste fiscal estrutural”.

Gabriel Leal de Barros, economista-chefe da Ryo Asset, afirma que o mercado financeiro sempre viu com “ceticismo” a promessa de deficit zero em 2024. “A falta de um plano de consolidação fiscal que contemple medidas pelo lado do gasto é ainda fator de preocupação que agudiza o desafio macrofiscal”, avalia.

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Poder 360

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