Domingo - 06/04/2014
Eleições suplementares
Terminou a convenção municipal do DEM, partido que por cerca de 17 anos governou Mossoró. No pequeno imóvel que o sedia, à Rua Mário Negócio, Centro, bem como suas cercanias, houve movimento discreto de pessoas e veículos, aquém do seu passado de glória.
Começou pouco além das 8 horas e ante do meio-dia e meia tinha sido encerrada, sem qualquer pompa.
A prefeita cassada e afastada, Cláudia Regina (DEM), foi homologada como candidata outra vez à prefeitura.
Seu vice é o contabilista e advogado Canindé Maia (DEM), como o Blog antecipou em primeira mão (vejaAQUI).
A convenção teve um formato cartorial. Escassos discursos, como da governadora Rosalba Ciarlini (DEM), quebraram esse perfil.
Ela, a propósito, avisou que seu grupo vai novamente vencer pleito e nas entrelinhas admitiu mágoa das muitas pessoas que a abandonaram.
Lembrou que “ajudou” a todos, não entendendo a distância de ex-militantes, que se dispersaram para outros esquemas políticos. Pessoas “que ajudamos e não foram leais”, julgou. Que “agem por interesses próprios”, atestou ainda.
Rosalba prevê vitória
Por fim, repetiu: “Mossoró vai confirmar de novo a vontade do povo”, fazendo trocadilho com a denominação da coligação (A Força do Povo).
Nenhum vereador esteve presente. Entre nomes de expressão, a governadora, deputado federal Betinho Rosado (PP), ex-secretário da Agricultura de Mossoró Betinho Segundo (PP), deputado estadual Getúlio Rêgo e ex-secretário de Recursos Hídricos Leonardo Rêgo (DEM).
As secretárias estaduais Kátia Pinto (Infraestrutura) e Isaura Amélia Rosado (Extraordinária da Cultura) também fizeram reforço ao evento.
Agripino boicota chapa
Como esperado e antecipado, o senador e presidente estadual da sigla, José Agripino, se manteve longe do evento. Seu filho e deputado federal Felipe Maia (DEM), idem.
Cláudia Regina foi desaconselhada por ambos a entrar na chapa, vista por Agripino como uma “loucura”. Ela, que o tem como “compadre”, pela relação de amizade acima das obrigações políticas, evitou a recomendação. Segue obsessivamente a a ideia de poder.
Uma presença que chegou muda e saiu calada, impondo-se mesmo assim, foi a do ex-vereador por seis mandatos Francisco Dantas da Rocha (DEM), o “Chico da Prefeitura”.
Votou, demorou bastante, mas saiu sem amiudar conversas. Não precisava falar nada. Já anunciara há alguns dias seu apoio e de sua família à postulação do prefeito provisório Francisco José Júnior (PSD).
Cláudia Regina e seu vice discursaram. A tônica dos pronunciamento foi convocação à militância para campanha com os pés no chão.
Para Cláudia, sua nova candidatura tem um caráter quase cívico e messiânico. Trata-se de uma convocação popular. Ouve “vozes” das ruas.
A montanha de decisões judiciais nas três instâncias da Justiça Eleitoral, a cassando e a afastando do cargo há quatro meses, é caso para ser tratado por advogados. Sua missão, renovada, é ir de novo amealhar votos.
Militância
Em 2012, Cláudia Regina foi candidata a prefeito na coligação Força do Povo, contando com nove partidos e militância numerosíssima. Agora, marcha com seu DEM e o PP de Betinho Rosado, cunhado da governadora. Muitos de seus seguidores podiam ser encontrados ontem na convenção adversária do PSD de Francisco José Júnior, com novo ânimo e outro candidato.
O PMDB, parceiro daquela jornada, rachou ao meio. Oficialmente foi para o palanque do principal bloco adversário em 2012, capitaneado outra vez pela deputada estadual Larissa Rosado (PSB). Outra banda apoia Francisco José Júnior.

Cláudia e Fafá em 2012: grupo, partidos e família divididos milimetricamente agora (Foto: Carlos Costa)
Sobrou para Cláudia, pelo menos, o seu vice igualmente cassado e inelegível por oito anos: Wellington Filho (PMDB). Ele prestigiou a convenção do DEM.
Quanto à ex-prefeita Fafá Rosado (PMDB)-marido e deputado Leonardo Nogueira (DEM), grupo e família, a distância também é enorme. Estão “rachados” milimetricamente em apoios à Larissa e a Francisco José Júnior, diferente da homogeneidade de 2012 no palanque de Cláudia. Ô! bons tempos… para Cláudia.
A prefeita cassada e afastada alcançou 50,90% dos votos válidos (68.604 votos) no pleito passado. Agora, sem prefeitura e parte considerável dos aliados da época, além de uma máquina estadual bastante vigiada, precisará mostrar muito mais força.
Ah, antes disso, é bom lembrarmos: ela continua inelegível. De fato e de direito está inabilitada legalmente para a disputa.
Plano B
Mesmo assim, a estratégia é mantê-la “viva” para ânimo da tropa até uma saída emergencial em caso de punição definitiva no Judiciário. Aí, quem a substituirá “de última hora?”
Boa pergunta.
Os líderes do DEM em Mossoró, Rosalba e Carlos Augusto Rosado, devem ter um “Plano B” em gestação, incluindo hipótese de estímulo informal para que seu eleitor vote em outro nome (veja AQUI e AQUI).
Enfim, mais do que algo certo, a candidatura de Cláudia só aumenta as incertezas no rosalbismo. Da mesma forma, ajuda a tumultuar o processo eleitoral suplementar mossoroense.
A candidata mudou de cor no padrão da identidade visual a ser utilizada na campanha, mas continua “laranja”. É uma farsa, agora numa versão branca.
Ela sabe disso, Rosalba e Carlos também.
Parte do eleitor, vítima desse novo estelionato, é que deve se perguntar até onde essa obsessão pelo poder vai levá-los.
Fonte: Carlos Santos
Fonte: Carlos Santos
Nenhum comentário:
Postar um comentário