Martinense faz desabafo ao falar sobre a política do município serrano

Vivemos
hoje num país que se auto-intitula democrático, mas que ao menor
indício de críticas, tudo muda de figura. A liberdade de expressar
opinião para todos os que desejem, e para tanto se organizem, é um dos
preceitos salutares e democráticos por definição. Para além do debate
sobre nossa insatisfação política, é preciso discutir as formas como
essa insatisfação, em geral, vem sendo canalizada. E ao falar isso, em
absoluto, não se pretende referendar movimentos ou partidos
“apolíticos”. É sempre bom lembrar: não há nada – mais político – do que
criticar a política e as instituições representativas em funcionamento
em uma sociedade. Em jogo está a concepção de mundo que se deseja, e não
apenas a administração dele (gestor) como alguns nos sugere e, porque
não dizer, nos impõe.
Outrossim, devemos aprender a discutir
política, de forma democrática e sem isolar o social e o político. Os
políticos devem aprender a olhar com lentes minuciosas para as muitas
formas de representação da sociedade civil, da representação de
interesses, da representação de identidades, pois o que está sendo posto
em jogo é o bem-estar do povo.
Andamos muitos descrentes com o
meio político, devido a tanta roubalheira, devido a tanto descaso com a
população. Já vimos tantos desmandos por parte da administração que
hoje gere Martins e o povo aplaudir enquanto é lesado de toda forma, e
ainda acreditar que está sendo favorecido, é lamentável. Isso ocorre
porque eles tentam criar a ilusão de que “o futuro já começou”. A
prefeitura realiza obras ridículas para iludir o povo, para fazê-los
acreditar que o trabalho, por parte deles, é algo constante, quando na
verdade está apenas fazendo uso de um direito que nos é garantido por
lei, haja vista que uma das funções do Prefeito é oferecer a comunidade,
no mínimo, uma boa qualidade de vida. Mediante esse fato, devemos
pensar e repensar sobre o futuro que queremos para nós, para nossa
família, para nossa amada cidade.
O que é visto e o que é feito
pela atual administração? Eles buscam colocar, e porque não dizer
impor, na cidade, no intuito de convencer a população pagadora de
impostos e cidadãos eleitores, de que todos que vivem e sobrevivem em
Martins, estão sendo atendidos com o respeito que lhes é devido. Só que
isso não passa de utopia. Vamos procurar ser mais realistas. Não
podemos, nem devemos baixar nossas cabeças e aceitar tudo que é nos
imposto.
Infelizmente, hoje, o povo se acomodou em contentar-se
com migalhas. Não procurar saber quais são os seus Diretos. Podemos
considerar que isso é a chamada ignorância política, no sentido mais
puro da palavra ignorância. O medo de reivindicar seus direitos é
gritante, pois o próprio sistema busca criar, de maneira escrachada,
seres dependentes e amedrontados. E a culpa, de quem é? Unicamente,
nossa. Pois, tudo isso se deve a falta de conhecimento político.
Para tal afirmação cabe uma pergunta: O que pode gerar a inconsciência
política e a consequente indiferença dos indivíduos pelas questões,
REALMENTE, políticas? Acredita-se que existam as duas situações, pois
algumas pessoas ignoram porque são indiferentes mesmo, outras são
indiferentes porque ignoram. E enquanto isso, quem ganha? Os políticos
sem escrúpulos, aqueles que consideramos capacitados e escolhemos para
nos representar. Nós não deveríamos, de forma alguma, sermos servis a
eles, e sim, eles a nós. Pelo simples fato de que somos nós que pagamos
os seus salários.
O povo deveria começar a cobrar dos
políticos que trabalhem, que parem de fazer promessas de forma
“maternalista” e “paternalista” e que façam por merecer ganhar nosso
respeito e compensar os seus altos salários. Se o povo fosse mais
participativo, buscasse saber quanto o Município arrecadou e no que esse
dinheiro foi e/ou será investido, não sofreríamos tanto com a ausência
de serviços básicos como: saúde, educação, segurança...etc.
O
mau gerenciamento em nosso Município, fez com que se desencadeasse um
fato mais do que vergonhoso: ser vetado o nascimento de novos
martinenses. É lamentável o povo calar-se diante desse fato. É
inadmissível as mulheres grávidas serem obrigadas a sair de sua cidade
para dar a luz. É triste para essa mãe não poder dizer: meu filho é um
martinense. Gostaríamos que alguém pudesse nos responder de que forma e
como esse fato lastimável pode trazer vantagens e benefícios para nossa
cidade, tendo em vista a passividade de todos durante tanto tempo.
Mediante tais fatos, o que queremos do futuro Prefeito, são menos
promessas e mais ações. Uma campanha pautada naquilo que realmente
interessa ao povo. Propostas que possam ser cumpridas, pois não adianta
prometer por prometer. Mais do que partidos políticos, nas eleições, o
que deve interessar são as pessoas, o seu passado e o seu presente, e
aquilo que todos acreditam que possam fazer no futuro, já que em nossas
terras, ninguém se esquece de nada!
Sabemos que é impossível
agradar a todos, mas com resultados, com uma administração séria,
honesta e de qualidade o retorno de “aplausos” será inevitável.
Dessa forma, o que se deve buscar hoje é focar no que é primordial e
necessário em Martins: o restabelecimento do Hospital/Maternidade Dr.
Manoel Villaça. Buscar parcerias com o Governo do Estado para equipá-lo
com aparelhos, no mínimo, imprescindíveis para primeiros socorros.
Reestruturá-lo, reformá-lo para que os martinenses voltem a nascer.
Levar cursos Técnicos e de capacitação para que a população aprenda um
ofício, além de ser garçom (não estou menosprezando a profissão). Ajudar
o pequeno produtor para que ele tenha subsidio para sustentar sua
família. Somente com novos movimentos e idéias podemos, entretanto,
construir de fato uma saída.
Ora, sabemos que tal discurso pode
ser inócuo, mas, talvez, essa seja a melhor campanha eleitoral que
Martins já teve. Ao invés de acusações desnecessárias em um palanque,
porque não, os candidatos, ficarem frente a frente e nos oferecer um
debate limpo, para podermos fazer comparações e tirarmos nossas próprias
conclusões sem precisarmos ser partidários ou fanáticos por “A” ou “B”.
Não vemos óbice para que haja um debate. Pensem que isso seria
importante devido à eminente necessidade da aquisição e do exercício de
uma verdadeira consciência política por parte da população.
Então, não façamos dessa eleição um campo de guerra, com agressões
verbais que procuram denegrir a imagem uns dos outros, incitando, ainda
mais a rivalidade, entre os cidadãos. Vamos lutar pelo bem comum.
Reivindicar saúde, educação, segurança e o que mais for imprescindível
para população martinense... Não deixem prevalecer o interesse próprio,
pois o que está em jogo é o FUTURO de uma cidade que parou no tempo.
Ratifico que essa campanha deva ser levada para um debate onde o povo
possa tirar e chegar as suas próprias conclusões, já que a razão é
composta pela coerência, a ignorância é constituída pelo absurdo, pela
agressividade e pela injúria.
Por fim, termino, citando Cora
Coralina, mulher simples, doceira de profissão, tendo vivido longe dos
grandes centros urbanos, alheia a modismos, mas que sabia como ninguém
expressar a sua verdadeira intendidade: “Penso no que faço, com fé. Faço
o que devo fazer, com amor. Eu me esforço para ser cada dia melhor,
pois a bondade também se aprende. Mesmo quando tudo parece desabar, cabe
a mim decidir entre rir ou chorar, ir ou ficar, desistir ou lutar;
porque descobri, no caminho incerto da vida, que o mais importante é
decidir”.
Portanto, não permitamos que os outros nos diga o
que deve ou não ser feito. Sejamos donos e senhores de nossas decisões e
que elas sejam as mais coerentes possíveis.
Forte abraço!
Márcia Lidiana da Cunha Carvalho
Martinense, antes e acima de qualquer coisa.
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