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sexta-feira, 28 de novembro de 2025

A Toga, a Espada e o Colapso do Equilíbrio: Uma Leitura à Luz de Olavo de Carvalho

Sexta, 28 de novembro de 2025

A submissão simbólica de generais de alta patente — herdeiros da tradição de Caxias — ao protagonismo absoluto do Judiciário sinaliza algo que vai muito além de decisões jurídicas: representa a consolidação de um novo arranjo de poder no qual a toga, e não mais a política ou a força de Estado, passa a definir o eixo da vida nacional.

Esse fenômeno não é apenas histórico; é filosófico.

E, para compreendê-lo, o pensamento de Olavo de Carvalho oferece uma chave interpretativa poderosa.

1. A estrutura do poder e o “mecanismo de usurpação lenta”

Olavo de Carvalho descreveu, em diversos ensaios, o processo pelo qual instituições originalmente criadas para arbitrar conflitos passam, paulatinamente, a assumir funções que não lhes pertencem, movidas por uma combinação de omissão política, ambições corporativas e assimetrias de narrativa.

Ele chamou esse processo de “usurpação lenta e silenciosa”, na qual um poder cresce não pela força explícita, mas pelo vácuo deixado pelos demais.

À luz dessa teoria, a ascensão da toga no Brasil não é um acidente histórico:

é o resultado de décadas de expansão hermenêutica, hiper-judicialização e ausência de contrapesos institucionais.

2. O Exército e a perda de sua função moderadora

Historicamente, as Forças Armadas — com todos os debates que cercam sua atuação — exerceram papel central na contenção de crises.

Não como poder político direto, mas como instituição que simbolizava estabilidade quando o país deslizava para a desordem.

Olavo afirmava que, sem um “núcleo de autoridade moral”, nenhuma sociedade se sustenta.

O Exército, para amplos setores sociais, sempre foi esse núcleo.

Sua atual submissão simbólica reflete o colapso desse centro de gravidade.

Quando generais de quatro estrelas tornam-se objeto de exposição pública e ordens judiciais sem possibilidade de questionamento institucional, o que se perde não são apenas biografias, mas o sentido histórico da farda como último pilar de coesão nacional.

3. A “supremocracia” e o avanço do poder invisível

A teoria olaviana do “poder invisível” — aquele que não aparece nos organogramas formais, mas controla narrativas, burocracias e mecanismos decisórios — encaixa-se de forma inquietante no cenário brasileiro contemporâneo.

Para Olavo, a essência desse poder não é a violência, mas o controle da interpretação.

Quem controla a interpretação, controla a realidade política.

No Brasil, muitos analistas argumentam que o Judiciário ascendeu justamente porque passou a controlar:

 • o discurso legítimo,
 • os limites da opinião,
 • o ritmo da política,
 • e até o alcance das instituições tradicionais.

A isso, alguns juristas chamam de “supremocracia”, conceito que dialoga diretamente com a crítica olaviana ao “Estado hermenêutico”, no qual as leis deixam de ser limites e passam a ser instrumentos elásticos de poder.

4. A desmoralização como técnica de dominação

Olavo de Carvalho dedicou grande parte de sua obra a estudar o uso da humilhação pública como instrumento de engenharia social.

Segundo ele, destruir a imagem simbólica de uma instituição é o primeiro passo para retirar dela qualquer capacidade de resistência moral.

O que se vê agora — sob a leitura de muitos intelectuais — é justamente isso:

a desmoralização pública de figuras que, por décadas, representaram a autoridade histórica do Exército Brasileiro.

Não se discute aqui a legitimidade jurídica de processos, mas o uso simbólico dessas ações para reordenar o campo institucional.

5. A Era da assimetria institucional

Montesquieu sustentava que a liberdade depende da separação equilibrada dos poderes.

Olavo de Carvalho, ampliando essa noção, afirmava que quando um poder se torna moralmente incensurável — quando ninguém pode criticá-lo sem punição — instala-se o embrião do autoritarismo.

Para esses analistas, o Brasil parece ingressar justamente nesse estágio:

- um poder que não admite contestação,
- um poder que controla a narrativa,
- um poder que redefine a própria história das instituições.

E, como diria Olavo, “onde há um poder incontestável, não há República; há tutela.”

Conclusão: A espada de Caxias diante da nova ortodoxia

O Brasil chega a um momento emblemático: não é apenas a prisão de generais que está em jogo — é a redefinição do próprio papel das Forças Armadas na arquitetura do Estado.

Sob a leitura de Olavo de Carvalho, o país atravessa o ápice de um processo de décadas: a captura da autoridade moral pela instância hermenêutica que controla a narrativa nacional.

E, nesse cenário, a espada de Caxias não é derrotada pela força da lei, mas pela supremacia da interpretação, que se tornou, hoje, o verdadeiro centro de poder da República.

Fonte: Jornal da Cidade Online

Dívida Pública sobe 1,62% em outubro e supera R$ 8,2 trilhões

Sexta, 28 de novembro de 2025

Foto: José Cruz

A emissão de títulos vinculados aos juros fez a Dívida Pública Federal (DPF) subir em outubro. Segundo números divulgados nesta quinta-feira (27), em Brasília, pelo Tesouro Nacional, a DPF passou de R$ 8,122 trilhões em setembro para R$ 8,253 trilhões em outubro, alta de 1,62%.
Em agosto, o indicador superou pela primeira vez a barreira dos R$ 8 trilhões. De acordo com o Plano Anual de Financiamento (PAF), revisado em setembro, o estoque da DPF deve encerrar 2025 entre R$ 8,5 trilhões e R$ 8,8 trilhões.

A Dívida Pública Mobiliária (em títulos) interna (DPMFi) avançou 0,31%, passando de R$ 7,82 trilhões em setembro para R$ 7,948 trilhões em outubro. No mês passado, o Tesouro emitiu R$ 41,38 bilhões em títulos a mais do que resgatou, principalmente em papéis vinculados à Taxa Selic. A essa emissão líquida, somou-se a apropriação de R$ 85,23 bilhões em juros.

Por meio da apropriação de juros, o governo reconhece, mês a mês, a correção dos juros que incide sobre os títulos e incorpora o valor ao estoque da dívida pública. Com a Taxa Selic (juros básicos da economia) em 15% ao ano, a apropriação de juros pressiona o endividamento do governo.

No mês passado, o Tesouro emitiu R$ 162,59 bilhões em títulos da DPMFi. No entanto, mesmo com o alto volume de vencimentos de títulos prefixados em outubro, os resgates foram menores e somaram R$ 119,86 bilhões.
A Dívida Pública Federal externa (DPFe) subiu 1,17%, passando de R$ 301,53 bilhões em setembro para R$ 305,06 bilhões em outubro. O principal fator foi a alta de 1,24% do dólar no mês passado, em meio a tensões entre o governo de Donald Trump e a China.

Agência Brasil

Lula acaba de sofrer derrota colossal no Congresso

Sexta, 28 de novembro de 2025


Deputados e senadores reverteram decisões do Governo Lula e retomaram trechos considerados sensíveis pelo Planalto.

O desgaste institucional ficou evidente desde a convocação da sessão, feita pelo presidente do Congresso, senador Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), na terça-feira (25/11). A iniciativa surgiu em meio ao atrito com o petista Lula, após o petista optar por indicar o advogado-geral da União, Jorge Messias, ao Supremo Tribunal Federal, contrariando a preferência de Alcolumbre, que defendia a escolha de Rodrigo Pacheco (PSD-MG). 

Simultaneamente, o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), também se distanciou do Planalto. O rompimento com o líder do PT, Lindbergh Farias (RJ), foi resultado de sucessivas divergências em pautas consideradas estratégicas para o Centrão, criando um ambiente ainda mais adverso para o governo nas duas Casas legislativas.

Veja:

Fonte: Jornal da Cidade Online

Contato : (84) 9 9151-0643

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