Quarta, 10 de dezembro de 2025
Na quarta-feira, a Assembleia Geral das Nações Unidas aprovou, por ampla maioria, uma resolução que exige que a Rússia retorne imediatamente todas as crianças ucranianas que foram sequestradas, deportadas ou transferidas à força desde o início da ofensiva russa em 2022. O documento recebeu 91 votos favoráveis, 12 contrários e 57 abstenções — entre elas as do Brasil e da Colômbia, que, na prática, se juntam ao grupo de países que tenta reduzir o peso das consequências diplomáticas para Moscou.
A resolução afirma que as ações do governo russo violam claramente a Quarta Convenção de Genebra, que proíbe a remoção de civis de territórios ocupados. O texto também exige o fim imediato de qualquer processo de doutrinação, mudança de identidade, adoção ilegal e separação familiar das crianças ucranianas.
A Ucrânia estima que pelo menos 20 mil menores foram levados desde 2014 — ano da anexação da Crimeia — e ainda mais intensamente após a invasão de 2022. Muitos foram enviados para áreas remotas da Rússia, colocados em abrigos estatais ou encaminhados para adoção por sistemas pouco transparentes, o que dificulta rastreá-los. Organizações humanitárias afirmam que essas práticas têm caráter sistemático e violam o direito internacional humanitário.
Os votos contrários vieram exclusivamente de países com regimes autoritários alinhados a Moscou: Rússia, Irã, Coreia do Norte, Cuba, Sudão, Belarus, Eritreia, Nicarágua, Burundi, Burkina Faso, Níger e Mali. O cenário diplomático deixa evidente que apenas governos pouco comprometidos com liberdades civis defenderam o Kremlin.
Mais chamativa, porém, foi a postura dos 57 países que preferiram não votar — entre eles China, Arábia Saudita, Vietnã, Líbano, Iêmen e Catar, além de Brasil e Colômbia. Apesar de se apresentarem como governos moderados, decidiram não contrariar Vladimir Putin, já que se abster diante de uma denúncia tão clara de sequestro de crianças acaba significando evitar a condenação de um crime documentado pelo Tribunal Penal Internacional e por entidades de direitos humanos.
A presidente da Assembleia, Annalena Baerbock, fez um discurso firme ao retratar a situação: crianças arrancadas de suas casas por militares armados, submetidas a meses de doutrinação e privadas de sua identidade. Para Baerbock, o caso “não é uma questão diplomática, mas um princípio básico da humanidade”.
Fonte: Jornal da Cidade Online





