Os Tribunais de Contas de todo o país consomem, por ano, R$ 7,2 bilhões para fiscalizar o uso do dinheiro público. No Rio Grande do Norte, os R$ 76,8 milhões de orçamento do Tribunal de Contas do Estado (TCE) equivale a 25% do orçamento do Legislativo estadual, que em 2014 é de R$ 303,8 milhões. O TCE/RN tem o quinto menor orçamento e a segunda menor relação entre as duas casas, ficando atrás apenas do Ceará.
Emanuel Amaral

Os dados são de estudo publicado pela ONG Transparência Brasil que analisou os 34 Tribunais de Contas - União Estados e Municípios – e conclui que o alto custo nem sempre reflete na eficiência das decisões tomadas.
A baixa produtividade dos Tribunais, analisa a coordenadora geral de projetos do Transparência Brasil e uma das autoras do estudo, Natália Paiva, pode ser atestada pelo baixo índice de cobrança das multas aplicadas e pagas: no TCU, a taxa entre 2008 e 2010 ficou em 8,3%.
Em outros 18 Estados, o valor ultrapassa 50% do orçamento da Assembleia Legislativa do mesmo estado e no Rio de Janeiro e Amazonas chega a absorver mais de 80% do custo da Assembleia. A relação do custo entre as duas entidades, analisa a pesquisadora, parte do pressuposto de que o conselheiro é tão vital para o Tribunal (7 cada um) como o deputado estadual o é para Assembleia (de 22 a 94 por Casa).
No Rio de Janeiro e em São Paulo - os tribunais mais caros, nos Estados mais ricos do país - o custo unitário de um conselheiro é nove vezes superior ao de um deputado estadual. Em geral, o salário de conselheiro é de R$ 26.500, além de gratificações, auxílio-alimentação.
Embora formados por um corpo técnico concursado, o orçamento dos TCs é elaborado pelos colegiados que decidem sobre as fiscalizações e julgam a responsabilidade de agentes públicos no que tange irregularidades.
Para Natália Paiva, o desempenho dos tribunais se deve sobretudo ao caráter da instituição - sem vínculo com o Judiciário. Dessa forma, o julgamento das contas segue o formato de uma corte administrativa, o que provoca impacto sobre a validade das decisões.
“Do total de decisões, 92% está sendo questionada na Justiça, não foi recolhido. O que suscita o questionamento sobre se o dinheiro público investido na manutenção dessas cortes, fortemente politizadas, tem o retorno esperado”, avalia a coordenadora de projetos da ONG.
Mesmo sem números individualizados por estados e municípios, o estudo induz a uma produtividade ainda mais ínfima junto aos Tribunais de Contas nestas esferas. “Se no TCU, órgão mais atuante e que recebe maior atenção a efetividade é baixíssima, nos demais TC tende a ser ainda menor”.
A arrecadação de multas administrativas, de acordo com levantamento do Tribunal de Contas da União, em 16 entes públicos, neste período, aponta a aplicação de 734.830 multas somando R$ 24 bilhões, contudo, o valor recolhido foi de apenas R$ 1,1 bilhão.
Fonte: Tribuna do Norte
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