Quarta, 21 de maio de 2025
Irritado, Moraes perdeu a serenidade que se exige de um magistrado e ao perceber a esdrúxula narrativa do “golpe de Estado” escorregando por entre os dedos, partiu para a coerção verbal e a desqualificação da testemunha — um general de Exército com 50 anos de serviço prestado.
Freire Gomes, que em depoimento anterior à PF teria apontado sinais de adesão do almirante Garnier aos planos de Bolsonaro, agora apresenta nuances, recua das interpretações e reforça que não pode inferir o que Garnier quis dizer ao "estar com o presidente". Essa mudança, em vez de ser compreendida como legítima revisão ou precisão de memória, foi tratada como afronta. Moraes o interrompeu, elevou o tom, lançou advertência e praticamente o acusou de falso testemunho ao vivo.
A defesa tentou projetar trechos do depoimento antigo para embasar a nova fala. Moraes vetou.
Transparência? Nenhuma. Debate jurídico? Só se for monólogo. O mesmo ministro que conduz o inquérito, acusa, interroga e julga, agora também se permite deslegitimar testemunhas e calar advogados, com microfones cortados e portas fechadas.
A pergunta inevitável: o que se quer provar — e a qualquer custo?
O depoimento do general expôs algo ainda mais grave do que a inconsistência das versões: a completa deterioração do devido processo legal. Se até um ex-comandante do Exército é tratado como réu implícito, com ameaça velada e exposição pública, imagine o cidadão comum. Moraes parece menos interessado na verdade dos fatos e mais empenhado em preservar uma narrativa que começa a ruir. E, diante disso, opta pelo grito e pelo veto.
O espetáculo autoritário segue — agora com novo ato: "intimidar para controlar, censurar para não perder".
Fonte: Jornal da Cidade Online
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