Fabiana Cambricoli
Agência Estado
São Paulo - As prefeituras das cidades paulistas de Piracicaba e Campinas estudam utilizar um mosquito geneticamente modificado como arma adicional no combate à dengue. Na semana passada, a empresa britânica responsável pela tecnologia inaugurou sua primeira fábrica no Brasil. Instalada em Campinas, a unidade produz exemplares do Aedes aegypti que tiveram seu DNA alterado para não deixar descendentes, estratégia que reduziria a população do mosquito na natureza e diminuiria a incidência da doença.
Divulgação
Empresa de biotecnologia busca parceiros governamentais para desenvolver novas pesquisas

O método foi liberado pela Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) em abril, mas a comercialização dos insetos transgênicos ainda precisa ser autorizada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Testes feitos na Bahia apontam redução de mais de 90% na população de Aedes aegypti nos locais em que os mosquitos transgênicos foram utilizados.
Como ainda aguarda a liberação para a comercialização, a empresa britânica Oxitec, criadora da tecnologia, busca parceiros governamentais para o uso dos mosquitos em novas pesquisas. “Já tivemos reuniões com cerca de 20 municípios para apresentar a técnica”, diz Glen Slade, diretor global de desenvolvimento de negócios da Oxitec do Brasil. “É bem possível que façamos convênios de pesquisa com alguns deles nos próximos meses, até em cidades do Estado de São Paulo.”
Campinas e Piracicaba são duas das prefeituras que já foram apresentadas à tecnologia e que estudam utilizá-la de forma experimental. Segundo Sebastião Amaral Campos, coordenador do Plano Municipal de Combate à Dengue da Secretaria da Saúde de Piracicaba, um projeto já foi montado pelos técnicos da pasta, mas ainda aguarda a aprovação do prefeito Gabriel Ferrato.
“É uma tecnologia inovadora e achamos que vale a pena ser testada”, disse Campos, presente na inauguração da fábrica. O plano da secretaria é liberar os mosquitos transgênicos em uma região com 5 mil habitantes. A cidade tem 385 mil moradores.
A prefeitura de Campinas também está estudando a eficácia e uso da técnica. A gestão afirmou, porém, que, caso utilizados, os mosquitos transgênicos seriam uma ferramenta complementar e não substituiriam as ações já realizadas.
A estimativa da Oxitec é que o serviço custe, para uma cidade de 50 mil habitantes, de R$ 2 milhões a R$ 5 milhões no primeiro ano e R$ 1 milhão nos anos seguintes. A fábrica pode produzir 2 milhões de mosquitos machos adultos por semana.
Fonte: Tribuna do Norte
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