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segunda-feira, 5 de maio de 2025

Fraude na Americanas arrasa com vida de ex-diretor, que sem opção abre "boteco" na Rocinha

 Segunda, 04 de maio de 2025




A situação do ex-diretor da Americanas foi retratada numa reportagem publicada pela Folha de S.Paulo, com base em sua delação premiada que o jornal teve acesso. Transcrevemos:

“O cenário que encontrou fora da Americanas, descreveu ele, foi de terra arrasada: além de perder o emprego, sua imagem e sua empregabilidade estavam prejudicadas.
Ao encerrar sua carreira de 20 anos na companhia, ele lamentou a forma como foi afastado, em uma reunião da qual apenas os advogados participaram.
Ainda conforme a delação, o estabelecimento na Rocinha foi aberto em janeiro do ano passado e resulta de uma sociedade feita com seu pai, que tem 20%, além de um gerente de bares, morador da comunidade, que tinha 10%. Cerca de seis meses depois, o executivo adquiriu a fatia do minoritário ficando com 80%, ao lado do pai.
Procurado pela reportagem, Abrate e seus advogados não quiseram se pronunciar sobre a delação. Por meio de nota, ele comentou apenas sobre o estudo que elaborou para levantar o potencial de mercado na Rocinha.
‘Na avaliação que eu fiz sobre o potencial negócio, eu identifiquei uma oportunidade de criar um estabelecimento que entregasse dignidade à população por meio de ambiente limpo, alegre, bem reformado, com boa comida e boa bebida, gerando emprego para as pessoas locais, com bom atendimento ao público (morador atendendo morador) e cobrando um valor justo por isso. Combinando ainda transmissão dos jogos de futebol e música ao vivo. Essa fórmula não se via nos restaurantes que já estavam presentes na região’, disse em nota.
Em sua delação, feita em novembro de 2024, Abrate disse que a casa ainda não dava lucro e que seu faturamento girava em torno de R$ 120 mil a R$ 130 mil.
A decisão de empreender no ramo veio após a conclusão de que o impacto reputacional provocado pela repercussão do caso Americanas dificultaria o caminho para Abrate se empregar novamente como alto executivo. A princípio, ele abriu a consultoria, mas também sentiu que não seria fácil atrair clientes.
Aos procuradores, o delator disse que a varejista de moda Zinzane já havia contratado outro ex-executivo da Americanas e o convidou para entrar na equipe.
A princípio, disse, a Zinzane propôs a ele uma remuneração inferior a R$ 50 mil por mês, valor que considerou baixo para uma função de tempo integral, mas negociou R$ 25 mil por um pacote de algumas horas de dedicação, o que lhe permitiria complementar a renda com outras opções de trabalho.
Ao notar que a atração de novos clientes para a consultoria não avançava, Abrate relata ter negociado com a Zinzane para receber uma remuneração mais alta, em torno de R$ 100 mil mensais, segundo afirmou na delação.
Porém, também não avançou. Poucas semanas depois, uma nova frustração apareceu, quando a Polícia Federal deflagrou a operação Disclosure, em junho de 2024, o que o levou a se afastar da rede de moda e se concentrar no projeto do Brasa Boteco.
Em nota enviada à Folha, Abrate também comentou sobre a experiência na Zinzane. Disse que o salário de R$ 100 mil por mês foi combinado para dedicação exclusiva, mas ele não chegou a completar um mês de trabalho.
‘Meu início presencial na Zinzane foi na segunda quinzena de junho de 2024, e a operação da PF foi no dia 27 de junho de 2024’, disse em nota.
A Zinzane não respondeu às tentativas de contato feitas pela reportagem.”
  • Fonte: Jornal da Cidade Online

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