Sexta, 24 de Março de 2023
O que é dito diretamente na política, nunca carrega uma verdade explícita. Quem quiser entender de política no futuro, deve enxergar esse contexto como regra, até para construir análises mais sinceras que a maioria dos copiadores de manchetes.
Sendo assim, tento sempre procurar a intenção no discurso do político, observando o quanto ele pode ganhar, quando eleva certa pauta.
Faço isso, principalmente com políticos do espectro progressista.
Quando Lula marca uma entrevista no blog mais vermelho de todos os blogs, e ataca Sérgio Moro diretamente sem reprimenda, ele não está simplesmente atacando Sérgio Moro, mas tudo que Moro representa. Ou seja, a Lava Jato, e todo o desdobramento dela como operação.
Mas porque atacar a Lava-jato e Sérgio Moro agora, sendo que como Senador, Moro conseguiu a imunidade parlamentar para escapar das artimanhas do PT?
Apenas para manter polêmica, e jogar fumaça na CPMI dos Infiltrados?
Não.
Com a indicação de Zanin para o STF, o mesmo deve se declarar suspeito nos julgamentos envolvendo a operação Lava Jato. Esses julgamentos são importantes para calar depoimentos e ajudar na composição com influentes de partidos políticos, que morrem de medo das delações. Se Zanin entrar, o voto dele estaria perdido. Porém, um projeto de lei, que será votado às pressas na Câmara, dirá que no caso de empate nos julgamentos, réu sairia beneficiado. Seria uma forma de usar o voto de Zanin a favor dos corruptos presos. Para isso, a opinião pública deve condenar tudo que é referente a operação, pois assim os parlamentares votariam sem a pressão que geralmente recebem, quando se posicionam contra a Lava Jato.
Por isso a entrevista de Lula, antes de embarcar, e por isso o ataque a Moro. Votar a PL 3453/21 agora às pressas, só me leva a crer que querem beneficiar os corruptos presos ganhando algum tipo de vantagem nisso. Se a votação acontecer às pressas os parlamentares devem ser cobrados a votar contra. Do contrário, o plano de Lula dará certo.
E podemos descobrir que o pagamento dessa manobra, pode não agradar quem trabalha para diminuir a impunidade no Brasil.
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