Comandatuba (AE) - O pré-candidato do PSDB ao Planalto, Aécio Neves, repetiu o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e recorreu ontem a versos do músico Raul Seixas para justificar sua atual defesa do fim da reeleição em evento com empresários na Ilha de Comandatuba, na Bahia. “Prefiro ser uma metamorfose ambulante do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo”, disse o tucano, sob aplausos.
Douglas MagnoAécio Neves discursa para lideranças empresariais durante reunião no litoral da Bahia
A frase de Aécio se deve ao fato de a emenda que permitiu um segundo mandato para presidente, governadores e prefeitos ter sido patrocinada e aprovada em 1997, na gestão Fernando Henrique Cardoso, seu colega de PSDB e principal apoiador. Lula, principal cabo eleitoral da atual mandatária, Dilma Rousseff, usou várias vezes os versos de Raul Seixas quando estava no Palácio do Planalto a fim de justificar as posições diferentes do PT oposição e do PT governo.
O pré-candidato do PSB à Presidência, Eduardo Campos, e sua colega de chapa, Marina Silva, também estiveram no evento. Aécio e Campos realizaram um debate - o primeiro direto entre ambos - e mostraram afinidades na maioria das propostas, inclusive na defesa do fim da reeleição. Houve, porém, discordâncias pontuais O tucano chegou a dizer que estará “no mesmo projeto de País” de Campos e sua parceira de chapa, Marina Silva, a partir de 2015, independentemente do que ocorra nas eleições de outubro. Marina não gostou muito da aproximação. “O que eu vi aqui foram divergências profundas. Não vi ele (Aécio) dizer claramente que se dispõe a manter as conquistas sociais (do governo Lula). Não vi ele dizer que, independentemente dos partidos, quer fazer uma governabilidade programática”, disse.
Os dois pré-candidatos de oposição a Dilma desembarcaram na ilha para o maior evento de empresários do País poucas horas depois de transformarem a tradicional festa do 1.º de Maio da Força Sindical, em São Paulo, num palanque de ataques ao governo.
O Fórum de Comandatuba, organizado pelo Lide (Grupo de Líderes Empresariais), reúne 350 empresários de vários setores. Na plateia estavam nomes como Abílio Diniz, do conselho da BR Foods, Luiza Trajano, do Magazine Luiza, André Esteves, do BTG Pactual, Jorge Gerdau e Edson Godoy Bueno, da Amil.
Diferentemente de outras edições, representantes do primeiro escalão do governo e parlamentares petistas não compareceram. Apenas Jaques Wagner, governador da Bahia e amigo de Dilma, foi ao fórum. As ausências foram criticadas. “O isolamento da presidente Dilma é incompreensível. Ela vive isolada no Palácio do Planalto”, disse o empresário João Doria, presidente do Lide.
Fonte: Tribuna do Norte