Sábado, 14 de novembro de 2015
Paris – O número ainda não era preciso até meia-noite (horário de Brasília), mas as emissoras de televisão falavam em 153 mortos ontem em uma série de ataques terroristas nas ruas de Paris. Foi o segundo atentado este ano contra a França, integrante da coligação de países que lançaram ataques aos terroristas do Estado Islâmico na Síria e no Iraque. Também não estava claro como os ataques começaram, mas pessoas que estavam assistindo ao amistoso entre as seleções da França e da Alemanha, no Stade de France, ouviam três fortes explosões.
Corpos ficam estendidos no chão após ataque a um bar em Paris
O presidente François Hollande, que acompanhava a partida, foi retirado do estádio e convocou uma reunião de emergência. Ele se reuniu no Ministério do Interior com o primeiro-ministro Manuel Valls e o ministro do Interior, Bernard Cazeneuve. Logo em seguida, Hollande decretou estado de emergência em todo o país e ordenou o fechamento de fronteiras e das linhas do metrô. "É uma experiência terrível que, mais uma vez, nos atingiu. Nós sabemos de onde isso vem, quem são esses criminosos e terroristas. Não há motivo para pânico, mas a França está preparada para defender-se", disse Hollande.
A televisão britânica BBC informou que um atirador, portando arma automática, abriu fogo no restaurante Cambodge, no 11º distrito de Paris. Pelo menos sete pessoas morreram e dezenas ficaram feridas, entre elas dois brasileiros.
No Bataclan, onde mais de mil pessoas participavam de um show musicial, osterroristas provocaram um banho de sangue. De acordo com o último boletim, atribuído à Prefeitura de Paris, teriam sido mortos 118 pessoas na casa de espetáulos.
Repórter relata banho de sangue no Bataclan
Paris (DW) - Um repórter de rádio francês que estava dentro do sala de espetáculos Bataclan, fez um relato angustiante do que chamou de “10 minutos horríveis” que se seguiram à entrada no local de homens armados e vestidos de preto. “Empunhando fuzis Kalashnikov AK-47, eles dispararam de forma aleatória em centenas de espectadores de um show de rock, disse. Segundo ele, todos os atiradores eram jovens.
“Foi um banho de sangue”, relatou Julien Pierce, um repórter da emissora France 1, à CNN. “As pessoas berravam e gritavam, todo mundo se deitou no chão e durou dez minutos, dez minutos, dez minutos horríveis em que todo mundo estava no chão cobrindo sua cabeça.” “Nós ouvimos muitos tiros e os terroristas estavam muito calmos e determinados, eles recarregaram três ou quatro vezes as suas armas e não gritaram nada. Eles não disseram nada”, afirmou.
Pierce contou ter visto de 20 a 25 corpos no chão e muitos outros gravemente feridos. “Havia corpos por todos os lados.” Ele disse que conseguiu escapar subindo no palco e encontrando uma saída num momento em que os atiradores recarregavam as armas.
O presidente americano, Barack Obama, em pronunciamento, lamentou o atentado e disse que trabalhará com as autoridades francesas para levar os responsáveis à Justiça. O presidente russo, Vladmir Putin expressou condolências aos franceses: "A Rússia condena com força esses assassinatos desumanos."
A caminho da Turquia, a presidente Dilma Rousseff usou o seu microblog twitter para repudiar os atentados terroristas em Paris, nesta sexta-feira, 13, que classificou como "barbárie". "Consternada pela barbárie terrorista, expresso meu repúdio à violência e manifesto minha solidariedade ao povo e ao governo francês", disse a presidente brasileira.
Torcedor narra clima dentro do Stade de France
Enquanto a polícia tentava conter os ataques e dava proteção aos torcedores, de dentro do estádio, o engenheiro alimentar David Ancelot, fez o seguinte relato: "Eu e meus amigos vivemos tudo de dentro do estádio. Saí do trabalho, ia encontrar amigos às 20h30, fizemos fila, fomos revistados. Achamos nosso lugar e o jogo começou. Cerca de 10 ou 15 minutos depois, ouvimos as explosões, um grande 'bum'. Esse tipo de explosão se escuta bastante em jogos, por isso não me preocupei. O jogo continuou. Após 15 minutos, mais uma bomba num momento em que não fazia nenhum sentido. O jogo segue até 25 minutos do segundo tempo, quando escutamos boatos de que havia alguma coisa. Alguém na minha frente escrevia uma mensagem, bisbilhotei o celular dessa pessoa e li a palavra 'atentado'. Saquei meu celular para ver se havia notícias. E vi que havia atentados em Paris e que aparentemente o Stade de France era um dos alvos. O jogo termina, no alto-falante avisam que algo se passou no exterior.”
“Bloquearam algumas saídas do estádio e a saída tinha de ser por alguns portões específicos. Precisei subir pelas principais escadarias quando um cara gritou: 'tem gente atirando lá fora'. A multidão se assustou e veio muito forte, com milhares de pessoas na minha direção. Tive tempo de pular de lado. Achei meus amigos, mas a turba continuava a descer, pulei a cerca e entrei no gramado. O segurança tentou me tirar pelo braço. Veio muito mais gente, ele nada pôde fazer. Instinto de sobrevivência, eu entendo. As pessoas desceram todas.Ficamos no gramado por 15 minutos. Pelo alto-falante anunciaram que os arredores estavam seguros e que todos poderiam sair e que a linha de trem RER-B estava ativa. Parti de carro com meus amigos e vi que eu estava meia hora antes em dos lugares onde houve explosão."
Internet
Tão logo os atentados foram confirmados, a TN Online disponibilizou um link em que os internautas poderiam acompanhar a cobertura ao vivo pela CBS News. Em duas horas, mais de mil pessoas acompanharam a transmissão.
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Fonte: J.Belmont