Sexta, 23 de Dezembro de 2022
O mercado financeiro vê com desconfiança e reage mal à escolha dos ministros de Estado já anunciados pelo presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A avaliação é de que são nomes muito ligados ao PT, deixando de lado a chamada frente ampla, que ganhou força na campanha eleitoral.
Lula escolheu como ministro da Fazenda Fernando Haddad, ex-prefeito de São Paulo e ex-ministro da Educação de governos petistas. Ele vai comandar a política econômica central e será responsável pelas decisões fiscais do governo, além das políticas de geração de emprego, repasses para programas sociais e investimento na máquina pública.
O vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin, será o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio. O nome dele agradou o mercado, por ter bom diálogo com setores empresariais. Alckmin foi governador de São Paulo quatro vezes, deputado federal e prefeito. Durante novembro e dezembro deste ano, foi coordenador da equipe de transição.
Uma das grandes expectativas do mercado é em relação à reforma tributária. A grande quantidade de impostos e entraves burocráticos prejudica o crescimento da indústria, a abertura de empresas e a geração de empregos no país, segundo especialistas. Nas entrevistas recentes, Haddad tem indicado que esta será a prioridade da próxima gestão do Executivo, mas não deu detalhes de como pretende tratar o tema.
Frente ampla abandonada
Para o sociólogo Fábio Gomes, especialista em estratégia e reputação, até agora, Lula tem abandonado a bandeira da chamada frente ampla, que consiste em governar com a participação e apoio de diversos partidos e não apenas do PT. O especialista indica que a equipe está concentrada apenas no partido do próprio presidente.
“As eleições foram desencadeadas por promessas, propostas das candidaturas. Um termo que foi muito utilizado pela campanha do Lula foi ‘frente ampla’. Não sei em que medida essa perspectiva foi determinante para a escolha dos eleitores. Mas, se for uma questão central para as escolhas editoriais, pode causar uma certa frustração no eleitorado”, detalha Fábio Gomes.
Para o especialista, além das questões de governabilidade, a imagem do PT está prejudicada em razão dos escândalos de corrupção dos últimos anos. Para ele, ter uma equipe diversa politicamente seria importante para repassar credibilidade aos investidores.
“Uma segunda questão é a imagem do partido, com questões graves que ocorreram, como mensalão, petrolão. Um governo que tem as posições centrais ocupadas pelo PT pode afetar a imagem e a confiança em razão deste histórico, essa convicção do PT de governar sozinho tendo esse histórico de corrupção. Lógico que quem ganhou a eleição foi o presidente Lula, mas é uma questão de cuidado”, completa Gomes.
Correio do Povo
OPINIÃO DOS LEITORES
Gasto público não impulsiona a economia, ou muito raramente. Se vc pensar bem, grana pública ou é dinheiro que foi tomado da economia (as pessoas sabem melhor onde alocar) ou é impressão, expansão monetária. Dinheiro, em si, não é riqueza. Riqueza é produção. Vc pode convencionar inúmeros padrões de troca: metais, papel impressos, lascas de pedra, bits de computador, anzóis… Quando o governo imprime mais do que está sendo trocada pelas pessoas, o restultado é aumento de preços. O que Lula tá prometendo é justamente repetir os erros de Dilma: acreditar que a economia aumenta se jogar mais crédito na praça e torrar grana sem cobertura. A ressaca vem, como veio no biênio 2014 a 2015, com os pibs caindo mais do que no ano mais devastador da pandemia. O melhor que o governo pode fazer é para de sugar tantos recursos da sociedade e tornar o ambiente de negócios mais favorável. Sobretudo em infraestutura. Mas, o negócio desandou. Escolhas… consequências.