martins em pauta

quarta-feira, 7 de julho de 2021

Trump anuncia processos contra Facebook, Twitter e Google; ex-presidente alega que suas visões políticas estão sendo cerceadas pelas plataformas

 Quarta, 07 de Julho de 2021

Foto: OCTAVIO JONES / REUTERS

O ex-presidente americano Donald Trump anunciou que entrou com processos contra as gigantes de tecnologia Twitter, Facebook e Google, assim como contra seus presidentes, alegando que elas estão silenciando vozes que defendem pontos de vista conservadores. Trump foi banido da maior parte das plataformas sob a acusação de incitar a violência durante a invasão do Capitólio, a sede do Congresso americano, em 6 de janeiro, para impedir a certificação da vitória de Joe Biden.

— Hoje, com o Instituto de Políticas America First [plataforma política do ex-presidente], apresento, como seu representante principal, um processo coletivo contra os gigantes da tecnologia, incluindo Facebook, Google e Twitter, assim como contra seus diretores-executivos, Mark Zuckerberg, Sundar Pichai e Jack Dorsey — declarou Trump, em discurso no seu campo de golfe em Nova Jersey. — Queremos um fim ao banimento, ao silenciamento e às “listas negras”, ao banimento e ao cancelamento que conhecem tão bem.

De acordo com o site Axios, o processo vai pedir o retorno imediato de todas suas contas nas plataformas onde hoje está impedido de fazer publicações, além de exigir reparações financeiras — no anúncio, disse que seria algo em torno de “trilhões de dólares”. As empresas citadas não se pronunciaram. O processo corre em um tribunal federal da Flórida, e foi anunciado no momento em que o ex-presidente enfrenta problemas legais com a Justiça de Nova York, que investiga suas empresas.

— Não há melhor evidência de que as empresas de tecnologia estão fora de controle do que o fato de terem banido o presidente dos EUA no começo do ano. Se podem fazer isso comigo, podem fazer com qualquer um — declarou Trump. No processo, ele sugere que as plataformas agiram como “agentes estatais” e em conluio com “funcionários do governo federal, incluindo do CDC” e com a equipe de transição do então presidente eleito Biden.

Na época, Trump ainda era o chefe do Executivo dos Estados Unidos.

Mesmo antes de sua derrota na eleição presidencial de novembro do ano passado, o republicano ataca a política de moderação das plataformas, especialmente depois que publicações suas passaram a ser restritas ou mesmo apagadas, algumas com informações erradas sobre a pandemia do novo coronavírus ou apontadas como incitadoras da violência contra grupos minoritários e opositores.

Em várias ocasiões, ele ameaçou pôr fim a uma regra de 1996 que exime plataformas e serviços digitais de qualquer responsabilidade sobre o conteúdo ali publicado — a regra também permite que as plataformas removam conteúdos considerados impróprios, ponto atacado por Trump. Nos processos apresentados nesta quarta, ele pede ao juiz que invalide essa regra. Na semana passada, um tribunal da Flórida julgou inconstitucional uma lei que autorizava o estado a aplicar punições contra empresas de tecnologia que suspendessem contas de candidatos a cargos eleitivos.

Ao mesmo tempo, ele usava as mesmas redes sociais como principal ferramenta para chegar a seus quase 89 milhões de seguidores no Twitter e Facebook. Com a derrota, as postagens passaram a espalhar e replicar teorias falsas de que a vitória de Joe Biden havia sido fruto de uma fraude, um discurso visto como agressivo e potencialmente perigoso por analistas e mesmo aliados de Trump.

Mas a invasão do Capitólio no dia 6 de janeiro, quando partidários do ex-presidente tentaram impedir a confirmação dos resultados das urnas, marcou um ponto de virada, ou um ponto final em certos casos. Publicações e vídeos na conta do presidente no Twitter foram declarados incitação à violência, ainda mais quando centenas de apoiadores ameaçavam congressistas e funcionários do Legislativo. A conta foi suspensa inicialmente por 12 horas, e foi banida em definitivo no dia 8 de janeiro. A suspensão foi seguida dias depois pelo Facebook, que recentemente a prolongou por dois anos, e pelo YouTube, plataforma de vídeos controlada pelo Google.

Longe deste importante meio de se comunicar com seus eleitores, Trump recorreu a meios de comunicação tradicionalmente afáveis, como a Fox News, ou ligados à extrema direita, como a America One e o Newsmax, além de redes sociais usadas por seus apoiadores e extremistas, como o Gab e o Parler, que chegou a ser derrubado no começo do ano. No fim de semana, a equipe do presidente lançou sua própria rede social, o Gettr, que tem como linhas principais “lutar contra a cultura do cancelamento” e “garantir a liberdade de expressão”. Apesar de ter conseguido quase meio milhão de inscrições horas depois do lançamento, ela já foi alvo de hackers.

O Globo

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Contato : (84) 9 9151-0643

Contato : (84) 9 9151-0643