A “longa” presença
do presidente da Câmara Municipal de Mossoró, Francisco José Júnior
(PSD), como prefeito mossoroense, não causa estrago apenas no capital de
votos e imagem da prefeita cassada e afastada Cláudia Regina (DEM). O
problema se alastra em escala geométrica.
Parece paradoxal, mas no próprio esquema
da deputada estadual Larissa Rosado (PSB), adversária de Cláudia, há
uma corrente com “saudades” da prefeita.
O raciocínio tem fundamento, por mais confuso que aparentemente seja.
A relativa destreza com que o prefeito
“Silveira” tem tamponado crises, atendido a demandas
administrativo-sociais e mexido com vícios do poder, é ruim para o
modelo oligárquico local.
Rosado do A e Rosado do B sentem-se ameaçados.
Quanto mais tempo o prefeito provisório
estica sua estada no Palácio da Resistência, sede da Prefeitura de
Mossoró, mais se fortalece para uma nova eleição municipal.
Em pouco mais de dois meses de
interinidade, ele obriga os Rosado a uma reflexão que volta e meia é
avaliada: a possibilidade de se unirem novamente.
Na prática, Silveira está se formando como um “mal comum”.
Na história da humanidade e da política,
essa modalidade de composição não é estranha. Trata-se de uma “aliança
tática”, ou seja, pontual.
Esparta e Atenas, cidades-estado gregas,
inimigas por longos séculos, um dia formaram coalizão para sobreviverem
ao poderio de Xerxes, o todo-poderoso monarca persa.
Por aqui, mais próximos a nós, temos casos e mais casos desse tipo de conluio de ocasião.
José Agripino Maia e Henrique Alves
estiveram tão distantes quanto a Terra de Plutão. Há alguns anos, o
ritmo é sinfônico entre ambos: um costura, o outro dá o nó. São unha e
carne.
Com os Rosado, esse entendimento esteve
perto de se consagrar nas eleições de 2012, em torno da candidatura de
Larissa Rosado (PSB).
Havia um acordo tácito para esse fim, que não se confirmou.
A postulação de Cláudia Regina fez-se
por si só e circunstâncias político-legais, sendo abraçada a ferro e a
fogo pela governadora Rosalba Ciarlini Rosado (DEM), que nunca gostou da
ideia de entregar “sua” prefeitura a adversários.
Cláudia não era a candidata dos seus sonhos. Mas era o possível à ocasião. Outro exemplar típido do “mal menor”, digamos.
Perder a Prefeitura de Mossoró é perder Roma para vândalos; para Genserico ou Armínio, numa ótica rosadocentrista de mundo.
Daí, lógico, o mal comum que é Francisco José Júnior.
Virou estorvo para os donos do poder em curto espaço de tempo.
Deixou de ser satélite e apêndice, para afrontar o protagonismo rosadista.
Se vai alterar esse enredo, não sabemos. Mas já causa embaraço, sim.
O tempo que ainda dispõe na prefeitura e a forma como geri-lo, dirão como será a cena do próximo capítulo na política nativa.
Fonte: Carlos Santos
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