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sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Pesquisa abre um novo caminho para tratamento do Parkinson


O resultado surpreendente de um estudo coordenado pelo neurocientista Miguel Nicolélis, do Instituto Internacional de Neurociências de Natal Edmond e Lily Safra (IINN-ELS), foi publicado ontem (23) na revista online Scientific Reports, do grupo Nature. O uso de estímulos elétricos na coluna vertebral de camundongos e ratos apontou o que pode ser um novo caminho para o tratamento da doença de Parkinson. Os pesquisadores descobriram que, a longo prazo,  um tratamento baseado em pulsos elétricos na coluna vertebral, protegeu neurônios dos animais, que deveriam ter morrido. 

O estudo foi realizado em uma  parceria de pesquisadores do IINN-ELS e da Universidade de Duke, nos Estados Unidos. Doutor em Ciências Biomédicas, o bioquímico chileno Rômulo Fuentes, que trabalha desde 2011 no instituto em Natal, foi um dos participantes da pesquisa. De acordo com ele, os testes foram feitos na universidade norte-americana, enquanto os resultados foram analisados no Brasil.

“Em 2009, nós publicamos um estudo em camundongos e ratos em que mostramos que a estimulação na coluna  melhorava os efeitos do Parkinson. O animal recuperava a função motora que é um das principais coisas afetadas pelo Parkinson. Ele é importante porque essa doença não tem cura, é crônica, e  milhões de pessoas no mundo têm”, explicou em entrevista à TRIBUNA DO NORTE.

“O melhor tratamento”, detalha o bioquímico, “é o fármaco, que traz complicações, outros problemas motores, com o uso prolongado; e tem a estimulação cerebral profunda, mas que requer implante de eletrodos dentro do cérebro do paciente, por isso não é tão acessível. Na prática, apenas 5% dos pacientes tem esse sistema. Essa proposta é uma alternativa a mais para os pacientes. Ela é importante porque, também precisa de cirurgia, mas é menos invasiva”.

A novidade é justamente que o tratamento a longo prazo evitou a morte das células que morreriam por causa da toxina que é aplicada nos roedores para simular a doença. “Neurônios que eram para morrer ficaram vivos. Ainda não sabemos porque, mas o tratamento protege, de alguma maneira. Também não sabemos ainda se isso acontecerá com os pacientes”, coloca. Descobrir como ocorre esse processo e se o tratamento também funcionará nos humanos será deverá nortear o rumo do trabalho de pesquisa.

Um único eletrodo, com duas placas é instalado sobre a coluna, na altura do tórax, e emite um pulso elétrico, que chega até o cérebro. Os camundongos e ratos passaram por meia hora de teste, duas vezes por semana, durante seis semanas.  Segundo Rômulo Fuentes, centros de clínicos da França, do Japão, da Itália e dos Estados Unidos testaram o método em pacientes, que tinham eletrodos implantados na coluna por outros motivos e também foram diagnosticados com Parkinson, e comprovaram a melhoria imediata do quadro motor das pessoas, em níveis distintos, variando de caso em caso.

O portador da doença, que é degenerativa, apresenta tremores, rigidez dos músculos, dificuldade de caminhar, de se equilibrar e até de engolir. Ainda de acordo com o bioquímico, o quadro dos pacientes continua a progredir mesmo depois de dois anos de testes. Os exames para comprovar os efeitos de longo prazo, a proteção das células, deverão ser feitos com humanos, de acordo com o andamento da pesquisa, mas não há previsão para início.
Fonte:Tribuna do Norte

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