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sábado, 11 de outubro de 2014

Estudante escreve relato pessoal de apoio ao Bolsa Família e sofre ataques na internet



Sábado, 11 de outubro de 2014

Como uma postagem privada no Facebook torna conhecida uma pessoa da noite para o dia? Como uma pessoa é ofendida por outras pessoas que nunca a viram? Pois foi o que aconteceu com Josenilda Aprigio Dantas, de 21 anos, estudante de Engenharia Florestal na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Em 15 de julho de 2014, Josenilda escreveu em seu Facebook sobre como estava chateada com pessoas que criticavam o programa Bolsa Família, que ajudou seus pais a criá-la. A mensagem era visível apenas para os seus amigos, mas, esta semana, em meio à guerra do segundo turno eleitoral, um print -- espécie de "impressão" da tela do computador -- começou a circular na internet. Josenilda, então, passou a sofrer ataques de militantes ou simpatizantes de partidos. "Eu mudei o nome do Facebook e a foto porque estava recebendo mensagens ofensivas", relatou ela ao Metro1 na sexta-feira (10). Em sua postagem, Josenilda relata como seus pais, provenientes de São Fernando, cidadezinha com cerca de 3.500 habitantes no Rio Grande do Norte, conseguiram educá-la. Francisca, de 54 anos, e José, de 59 anos, são agricultores e, por conta do Bolsa Família, conseguiram comprar os primeiros lápis e caderno para que ela fosse para a escola. "Na época, o benefício era de R$ 15. No primeiro recebimento, meus pais compraram lápis, borracha e caderno. Foram juntando o dinheiro dos meses seguintes para comprar um 'barrão' [porco] que, quando crescido, foi vendido e assim por diante. E a situação melhorando", contou. 

Seguindo a postagem, Josenilda expressa sua indignação com as pessoas, chamadas por ela de "filhinhos de papai", que criticam o programa social -- considerado em 2011 pela Organização das Nações Unidas (ONU) um exemplo de erradicação da pobreza e elogiado pela diretora do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, em debate realizado na última quinta (9), nos Estados Unidos. Por conta da nem sempre honesta disputa eleitoral na internet, a postagem começou a ser incessantemente compartilhada e comentada. Josenilda passou a receber diversas ofensas que a fizeram modificar o nome e a foto que adotava na rede social. Sua intenção, conta, era apenas demonstrar como os trabalhadores pobres precisam de ajuda para que seus filhos tenham chance de ter um destino diferente. "Meu pai não teve chance de estudar, minha mãe estudou até a 4ª série, mas como não tinha acesso as séries seguintes, ela repetiu tudo de novo na esperança de um dia conseguir levar adiante", disse. 

Segundo Josenilda, foi por conta do Bolsa Família e de outros projetos do governo federal que ela conseguiu ter um futuro melhor. Mas engana-se quem acha que ela é só elogios para o programa: desde 2002, quando seus pais se cadastraram, o benefício foi cortado algumas vezes -- o que indignou a família. Após finalizar a 4ª série, Josenilda foi mandada para morar com o irmão mais velho em outra cidade, onde ela continuou com os estudos. Desde então, ela passou a acompanhá-lo. Atualmente, os dois moram em Natal, capital do Rio Grande do Norte, e em 2011 ela entrou na UFRN. A maior vontade da estudante é trazer os pais do sítio em São Fernando para morar com ela na capital. "Agora é a minha vez de cuidar deles", diz. (Metro1)

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