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quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

PMs são ameaçados em Mãe Luiza


Publicação: 19 de Fevereiro de 2014 às 00:00

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“Não vou falar nada. Meu filho morreu e esse é o fim”. A frase da dona Joana D’arc Cruz, 76,  mãe do assaltante Isaac Heleno da Cruz, o “Rivotril”, 28, poderia marcar o ponto final de mais uma história de crime, violência e guerra entre a polícia e o tráfico de drogas em Mãe Luiza, na zona Leste de Natal. Poderia. De acordo com informações apuradas pela reportagem da TRIBUNA DO NORTE, equipes da base da Polícia Militar no bairro foram ameaçadas, ontem (18) pela manhã, por um grupo de criminosos. Através de uma ligação anônima, os homens afirmaram que queimariam o prédio. “E já teriam comprado gasolina”, disse uma fonte da polícia, que preferiu não se identificar.
Alex RégisNo final da tarde de ontem, clima era tenso e Polícia Militar fez ronda nas ruas do bairroNo final da tarde de ontem, clima era tenso e Polícia Militar fez ronda nas ruas do bairro

A ameaça ocorreu após a confirmação da morte de “Rivotril”. Ele estava internado desde sua prisão, no dia 10 de fevereiro, quando foi atingido por três tiros durante uma operação policial e teve o intestino perfurado. De acordo com uma nota divulgada pelo Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel, “Rivotril” estava no Centro de Recuperação Pós-operatório desde que foi submetido a uma cirurgia, na sexta-feira (14), por causa de uma infecção causada por perfuração de bala em seu abdômen. Durante todo o tempo em que ficou no hospital, o assaltante passou por duas cirurgias e, nos últimos dias, estava em estado gravíssimo.

A base da PM, que fica localizada na Rua João XXIII, principal via do bairro, já havia sido alvejada na noite da última segunda-feira (17). Uma bala resvalou na entrada de ar e chegou a atingir o teto de PVC da unidade. Ninguém ficou ferido. Militares ouvidos pela reportagem acreditam que o atentado e as ameaças partiram de pessoas ligadas a Rivotril. Ao anoitecer de ontem, a tensão aumentava no local. “Não dormiremos hoje”, diz, aos sussurros, um policial.

Nas ruas do bairro, a morte de “Rivotril” não trouxe paz. “Enquanto tiver essas drogas, acho que vai ser assim”, afirmou uma jovem de 21 anos, que também preferiu não se identificar por medo de represálias dos traficantes. 

Velório e sepultamento
O corpo de Isaac Heleno chegou à sede do Instituto Técnico-Científico de Polícia (Itep) no final da tarde de ontem, após deixar o hospital. Às 18h30, os exames periciais ainda não haviam começado. Segundo informações publicadas no site do Grupo Vila, a expectativa era de que o velório começasse às 22h de ontem na Funerária Sempre, no bairro Alecrim. O sepultamento está agendado para as 16h de hoje (19) no Cemitério Parque da Passagem.
CedidaCorpo de “Rivotril” deve ser sepultado no final da tarde de hojeCorpo de “Rivotril” deve ser sepultado no final da tarde de hoje

A  família preferiu não se pronunciar sobre o caso. Ainda revoltado, um irmão acusou: “ninguém fez nada para ajudar ele”. Pedindo desculpas e se justificando: “A gente ainda está muito abalado”. Em frente de casa, também na Rua João XXIII, a mãe se limita a negar a entrevista. “Eu já tenho mais de 70 anos, o pai dele passa dos 90 e a gente está sofrendo muito”, coloca.

“Rivotril” ganhou esse apelido por ser consumidor do remédio homônimo. Era um dos criminosos mais procurados da capital. Tinha processos relacionados a roubo e porte ilegal de armas, além de ser suspeito de tráfico de drogas e pelo menos cinco homicídios. No início de 2014, Isaac escapou de dois cercos policiais e chegou a ficar refugiado em uma área de mata fechada, no Parque das Dunas.

Comandante da PM nega ameaças em Mãe Luiza
O comandante geral da Polícia Militar negou as ameaças ao posto da corporação em Mãe Luiza. “Não chegou nenhuma informação desse tipo para nós”, destacou o coronel Francisco Araújo. O comandante comparou a informação a boatos que surgem “para causar medo na população”. Ainda de acordo com ele, Isaac Heleno havia se tornado “conhecido” nos últimos meses e algumas pessoas poderiam se aproveitar disso. Quanto ao atentado à base policial, na última segunda-feira (17), o comandante afirmou que tanto o setor de inteligência da PM como a Polícia Civil estão investigando o caso.
Alex RégisCriminosos ligaram para base da PM ameaçando atear fogo no prédio que fica na rua João XXIIICriminosos ligaram para base da PM ameaçando atear fogo no prédio que fica na rua João XXIII

Questionado, o chefe de investigação da 4ª Delegacia de Polícia Civil, localizada em Mãe Luiza, não aponta quem seria o sucessor de Rivotril no comando do tráfico de drogas no bairro. Segundo Paulo Macêdo, o criminoso não tinha um grupo fixo, “trabalhava com quem chamava ele”, e tinha alguns desafetos. Ainda de acordo com o investigador, é possível que um companheiro, ou mesmo um inimigo de Isaac, tente assumir o ponto de venda de entorpecentes. Porém, até o momento, a polícia não tem qualquer informação a esse respeito.

O temor da população é que, com a morte de Rivotril, o patrulhamento da PM, intensificado nos últimos meses, quando o Estado procurava pelo criminoso, volte a diminuir. O coronel Francisco Araújo também nega essa possibilidade. “Todos os dias temos três policiais na base, outros três na viatura, além das motocicletas da ronda ostensiva que passam por lá”, destacou. A base da PM em Mãe Luiza é aberta 24h.

De comportamento imprevisível, o criminoso teria matado um  companheiro quando sob efeito do remédio de tarja preta que lhe rendeu o apelido. As buscas pelo criminoso se intensificaram no final do ano passado, quando o corpo de uma  possível vítima dele foi encontrado enterrado em um terreno endereçado atrás da base policial de Mãe Luiza. De acordo com levantamento dos investigadores, é possível que as demais vítimas de Rivotril, também  tenham sido enterradas nesse mesmo terreno.

Na ocasião da prisão de Isaac, o delegado Amaro Oliveira da Silva, responsável pela operação, admitiu que a detenção dele poderia “contribuir para trazer uma sensação de segurança” à população do bairro. Porém, isso não significaria uma “tranquilidade total”, “porque existe mais bandidos na área”, pontuou. Nenhuma das polícias, no entanto, anunciou operações para desbaratar tais grupos. 

Fonte Tribuna do Norte

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