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sexta-feira, 28 de junho de 2019

Servidor do INSS e família levavam vida de luxo

Sexta, 28 de Junho de 2019

Presa pela Polícia Federal por comandar um esquema criminoso que causou rombo milionário aos cofres da Previdência Social, quadrilha causou rombo de R$ 15 milhões.


Viagens a Dubai, nos Emirados Árabes, e às Ilhas Maldivas, festas, bebidas caras, compras de veículos, relógios e joias de alto valor. Um servidor do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) no Ceará e a sua família levavam uma vida de luxo, com o dinheiro obtido nas fraudes ao benefício previdenciário da aposentadoria rural por idade.

Os materiais apreendidos serão analisados pela PF para a continuação da investigação
FOTO: FABIANE DE PAULA


O esquema criminoso, iniciado em 2014 e em vigor até ontem, foi desarticulado com a deflagração da Operação Frenesi, pela Polícia Federal (PF) com apoio da Secretaria Especial de Previdência e Trabalho do Ministério da Economia. A investigação identificou que, em cinco anos, a quadrilha causou um rombo de, pelo menos, R$ 15 milhões aos cofres públicos, mas esse valor poderia chegar a R$ 157 milhões - com o cálculo da expectativa de vida dos 600 beneficiados pelo crédito.

"O trabalho iniciou a partir de denúncias que recebemos. Nossa equipe de Inteligência fez alguns levantamentos relacionados aos indicadores de comportamento de cada agência e percebemos que tinha algo díspare. Denotamos a recorrência de uma mesma matrícula de servidor na concessão desses benefícios. Elaboramos um relatório e foi encaminhado para a Polícia Federal investigar", revelou o coordenador geral de Inteligência Previdenciária e Trabalhista do Ministério da Economia, Marcelo Ávila.

As fraudes eram cometidas de uma agência do interior do Estado, sem a presença do aposentado. "O servidor vinha alterando os endereços dos beneficiados para o interior do Ceará, nos próprios sistemas do INSS. Eram pessoas da Zona Metropolitana de Fortaleza, não eram trabalhadores rurais", afirma o delegado federal Cid Saboia Soares. O nome do servidor e o município onde ficava localizada a agência não foram revelados.

Em poucos minutos, o benefício era concedido. O ritmo da quadrilha era frenético, o que inspirou o nome da Operação. O beneficiado recebia a aposentadoria mensalmente e, em troca, fazia um empréstimo consignado em um banco que ia diretamente para o servidor da Previdência Social. Na maioria dos casos, o cartão do aposentado ficava na posse da organização criminosa.

Presos

O servidor do INSS e o pai dele - que seria o mentor do esquema criminoso - foram presos preventivamente, enquanto a irmã do funcionário público foi presa temporariamente. Eles irão responder pelos crimes de organização criminosa, lavagem de dinheiro, corrupção passiva, estelionato majorado e inserção de dados falsos em sistemas corporativos do Governo Federal

Foram cumpridos 16 mandados de busca e apreensão, em Fortaleza, Maracanaú, Pacatuba, Redenção e Acarape. A 11ª Vara Federal determinou ainda o sequestro de bens móveis e imóveis e o bloqueio de valores das contas bancárias em nome dos suspeitos. Durante as diligências, foram apreendidos R$ 333 mil em espécie, relógios e joias. Somados os bens sequestrados ontem, a PF estipula um valor total de R$ 1 milhão. Mas acredita que é pouco e tem muito mais em nome de 'laranjas' - inclusive imóveis em São Paulo.

A Polícia Federal pretende chegar aos captadores dos interessados em se aposentar com a fraude e aos 'laranjas' do esquema de lavagem de dinheiro. Os 600 aposentados serão convocados a prestar esclarecimento e podem responder pelos crimes de corrupção ativa e estelionato majorado.


(Diário do Nordeste)

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