Sexta, 09 de agosto de 2024
A Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional do Senado aprovou, nesta quinta-feira, convites para que o assessor para assuntos internacionais da presidência da República, Celso Amorim, e o convite para ouvir o chanceler Mauro Vieira, sejam questionados sobre a posição do Brasil em relação às eleições na Venezuela. Os requerimentos foram apresentados pelos senadores Ciro Nogueira (PP-PI) e Tereza Cristina (PP-MS).
Amorim já tem firmado posição e afirmou que “não tem confiança” nas atas das eleições venezuelanas divulgadas pela oposição a Nicolás Maduro. A afirmação foi feita antes de a líder da oposição, María Corina Machado, ter oferecido, em entrevista ao GLOBO, apresentar ao governo brasileiro e a instituições do país as atas que diz confirmarem a vitória do candidato Edmundo Gonzável Urrutia.
Em entrevista ao Estúdio i, da GloboNews, Amorim voltou a defender a divulgação desses documentos pelo governo venezuelano. As atas são uma espécie de boletim das urnas do pleito realizado há dez dias.
— Claro que é lamentável que as atas não tenham aparecido. Eu não estou dizendo agora, disse isso para o presidente Maduro. Estive com ele no dia seguinte à eleição — afirmou.
Depois, o assessor completou.
— Eu também não tenho confiança nas atas da oposição.
O Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela apontou Maduro como reeleito com 51,95% dos votos, enquanto González recebeu 43,18%.
A oposição e a comunidade internacional contestam o resultado divulgado pelo órgão eleitoral e pedem a divulgação das atas eleitorais (uma espécie de boletim das urnas). Contagem paralela da oposição, por sua vez, aponta que González venceu Maduro com 67% dos votos, contra 30% de Maduro.
Na entrevista, Amorim disse também que teme um agravamento da situação na Venezuela e que isso resulte em uma guerra civil no país.
— Temo muito que possa haver um conflito muito grave. Não quero usar a expressão guerra civil, mas temo muito. E eu acho que a gente tem de trabalhar para que haja um entendimento. Isso exige conciliação. E conciliação exige flexibilidade de todos os lados. Por que os EUA mantiveram sanções violentas quando já havia processo de negociação? Por que a União Europeia manteve sanções quando foi convidada para ser observadora? — disse ao programa Estúdio i, da GloboNews.
Defesa de solução
Amorim viajou à Venezuela para acompanhar o processo eleitoral no país no dia 28 de julho. Logo após o pleito, ele reforçou o pedido do governo brasileiro para a Venezuela publicar integralmente as atas da eleição presidencial.
— Temos que encontrar uma solução para isso. Acho, pessoalmente, pelo nível de divisão que eu vejo e existe na Venezuela, será necessária algum tipo de conversa de mediação — disse.
O Globo
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