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quarta-feira, 12 de outubro de 2022

Em raro lapso de lucidez, O Globo critica "censura" imposta pelo TSE

 Quarta, 12 de Outubro de 2022

Em editorial publicado nesta terça-feira (11), o jornal O Globo criticou veementemente as últimas ações do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) contra a imprensa brasileira, sobretudo referente a matérias que “desabonem” a imagem do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Basicamente, o editorialista de O Globo está dizendo: parem de favorecer o Lula tão escancaradamente.

De acordo com o veículo, “está cada vez mais evidente que, no afã de combater a desinformação, o TSE vem cometendo exageros que configuram censura descabida a veículos de imprensa, proibida pela Constituição”.

O texto cita primeiramente o revés sofrido pela Jovem Pan, que foi obrigada pela Corte a excluir a entrevista com a senadora Mara Gabrilli, na qual ela afirma que Lula pagou R$ 12 milhões para não ser apontado como mandante do assassinato do ex-prefeito de Santo André, Celso Daniel. O que é um absurdo, se um senador não puder conceder uma entrevista, seja qual for o assunto, então ninguém está seguro nesse país.

Também foi citado o caso da Gazeta do Povo, que foi ordenada a remover 31 postagens, inclusive as que tratavam do bloqueio da transmissão da CNN na Nicarágua, do ditador Daniel Ortega, que chegou a emitir uma nota apostando na vitória de Lula.

O veículo enfatiza que não é papel do tribunal julgar a qualidade dos veículos de imprensa, ainda que a mesma seja “ruim”.

"(…) Muito menos censurá-los preventivamente apenas por causa de um título malfeito, nem mesmo pela eventual publicação de informações erradas, que podem perfeitamente ser corrigidas. As partes que se sentirem ofendidas deveriam acionar a Justiça comum, onde os veículos têm o direito de se defender, caso já não tenham reparado o próprio erro. O inaceitável é confundir o trabalho jornalístico – mesmo ruim – com a desinformação deliberada que em geral emana das campanhas eleitorais", diz o texto.

O ex-ministro Marco Aurélio Mello falou sobre o comportamento de seus ex-colegas, em entrevista ao podcast CDTalks, com Cláudio Dantas, no último fim de semana.

"O que nos vem da Constituição Federal, que também submete o Supremo? A liberdade de expressão, a liberdade de comunicação (…) não se pode cercear a liberdade do cidadão, e aí amedrontá-lo quanto a um crivo, uma glosa", disse o ministro aposentado.

Primeiro foi o poderoso New York Times criticando o STF, agora O Globo criticando do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) quanto tempo vai demorar para os ministros perceberem que já cruzaram a linha da constitucionalidade há muito tempo?

Foto de Eduardo Negrão

Eduardo Negrão

Consultor político e autor de "Terrorismo Global" e "México pecado ao sul do Rio Grande" ambos pela Scortecci Editora.

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