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sábado, 10 de setembro de 2016

Senado se posiciona contra aborto para grávidas com zika

Sábado, 10 de Setembro de 2016 

por Rafael Moraes Moura | Estadão Conteúdo
Foto: Rodolfo Buhrer / Gazeta do Povo

Em meio a um intenso debate sobre os direitos da mulher e a defesa da vida, o Senado Federal se manifestou contrário à possibilidade de aborto para grávidas infectadas pelo vírus da zika. Em manifestação encaminhada ao Supremo Tribunal Federal (STF), o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), por meio da Advocacia do Senado Federal, alega que o aborto nessas circunstâncias "diz respeito a um dissenso moral profundo", sobre o qual dificilmente os parlamentares vão adotar uma "uniformidade de posições". Para o Senado, a "repulsa ao aborto está profundamente arraigada na cultura brasileira". A argumentação do Senado Federal foi apresentada no âmbito da ação movida pela Associação Nacional de Defensores Públicos (Anadep), que pede o direito de aborto para mulheres infectadas pela doença. O Senado Federal foi intimado pela ministra Cármen Lúcia, relatora do processo, a se manifestar sobre o tema. Antes, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, já havia defendido o aborto para mulheres infectadas por zika, sob a alegação de que a continuidade da gestação nesses casos representa risco "à saúde psíquica da mulher". Já a Advocacia-Geral da União (AGU), que defende os interesses do governo federal, sustenta que a interrupção da gestação "seria frontalmente violadora ao direito à vida". Na avaliação do Senado Federal, os fetos com microcefalia "são geralmente viáveis, embora possuam uma malformação que lhes causará transtornos em sua vida". "Em primeiro lugar, é necessário destacar que, segundo fontes científicas idôneas, embora demonstrada a existência de impacto da infecção por zika vírus na ocorrência de casos de microcefalia e outras moléstias no feto, esse impacto pode não ser tão amplo, a ponto de justificar a intervenção sugerida", sustenta a Advocacia do Senado Federal. "Não parece razoável demandar o sacrifício de nascituro viável para socorrer a necessidades e inseguranças, embora graves, da gestante, porque essas necessidades podem vir a ser superadas com o tempo, enquanto que a perda da vida humana jamais se supera", diz o texto. A Advocacia do Senado alega que parlamentares que buscam mudanças na legislação sobre o aborto "jamais contaram com força persuasiva suficiente para convencer em número suficiente os seus pares". "Portanto, as disposições do Código Penal relativas ao ponto em discussão ainda vigem, passados mais de setenta e cinco anos de sua edição, não por mera omissão ou distração, mas pela vontade da maioria do Congresso Nacional."

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