Terça, 18 de fevereiro de 2025
O advogado criminalista Antônio Carlos de Almeida Castro, conhecido como Kakay, divulgou no domingo (16), um texto com críticas ao governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A mensagem, redigida no formato de carta aberta, foi enviada a ministros e aliados do presidente.
Ao Estadão, Kakay confirmou a autoria e o envio do texto. A carta critica a gestão federal e diz que o petista “não faz política” em seu terceiro mandato presidencial, distinguindo-se do modo como dirigiu o Executivo federal entre 2003 e 2010.
“Alguns políticos me confidenciaram que não conseguem falar com o presidente. É outro Lula que está governando”, diz trecho da carta. “O Lula do terceiro mandato, por circunstâncias diversas, políticas e principalmente pessoais, é outro. Não faz política. Está isolado. Capturado.”
Kakay é um membro ativo do Prerrogativas, grupo formado por juristas, advogados e acadêmicos de Direito de orientação progressista. O “Prerrô”, como é conhecido, se notabilizou pelas críticas à Operação Lava Jato e pela atuação judicial contra a prisão em segunda instância.
O coordenador do Prerrogativas, Marco Aurélio de Carvalho, afirmou que a carta reflete uma “posição pessoal” de Kakay e que o grupo mantém “apoio incondicional” à gestão Lula.
O texto ressalta o papel de Lula na formação de uma “frente ampla” de oposição a Jair Bolsonaro (PL) em 2022. “Só o Lula conseguiria unir e fazer este amplo arco para derrotar Bolsonaro”, afirma Kakay.
Por outro lado, segundo o advogado, a condução do governo é negativa e prejudica as perspectivas dos opositores de Jair Bolsonaro na próxima eleição presidencial.
“Sem termos o Lula que conhecíamos como presidente e sem ele ter um grupo que ele tinha ao seu redor, corremos o risco do que parecia impossível: perdermos as eleições em 2026”, disse Kakay, avaliando o quadro como “muito preocupante”.
Pesquisa de avaliação
O texto de Kakay foi redigido dois dias depois da divulgação de uma pesquisa de avaliação de governo realizada pelo Datafolha, que aponta para o pior cenário de avaliação a Lula em seus três mandatos presidenciais.
Segundo o levantamento divulgado na sexta-feira (14), a aprovação ao governo caiu 11 pontos porcentuais em dois meses, indo a 24%, enquanto a reprovação é de 41%.
Para o advogado, porém, a pesquisa de maior relevância ao quadro político é a divulgada pelo Ipec no sábado (15), que aponta que 62% dos brasileiros não querem que Lula concorra à reeleição no próximo pleito. O índice, segundo o criminalista, preocupa diante da inexistência de um “sucessor natural” de Lula.
“Não foi feito um grupo ao redor do presidente, que se identifique com ele e de onde sairia o sucessor político natural”, aponta o advogado. “Fico olhando o quadro e torcendo para o crescimento de uma direita civilizada. Com a condenação do Bolsonaro e a prisão, que pode se dar até setembro, nos resta torcer para uma direita centrista.”
Nomes associados ao “Prerrô” ganharam espaço no governo Lula, com ao menos 28 nomeações de quadros ligados ao grupo. Após a publicação, o Prerrogativas divulgou uma nota qualificando a reportagem como uma tentativa “reducionista” de “queimar o grupo”.
R7
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