Domingo, 25 de agosto de 2024
A Nasa anunciou neste sábado que os astronautas Butch Wilmore e Suni Williams, que estão há mais de dois meses na Estação Espacial Internacional em uma missão que deveria durar cerca de oito dias, voltarão à Terra em fevereiro de 2025. Os astronautas deveriam voltar na nave Starliner, da Boeing, que apresentou diversos problemas durante o atracamento na estação e, por isso, retornará sem tripulação. O retorno acontecerá com a missão Crew-9, construída pela SpaceX de Elon Musk. Até lá, como os astronautas vão sobreviver?
Segundo a agência espacial americana, especialistas em engenharia e voo espacial da Nasa e da Boeing tomaram a decisão em conjunto, por avaliar que a espaçonave Starliner apresentaria muitos riscos aos astronautas. A agência garante, no entanto que eles terão recursos suficientes para sobreviver até a data do retorno.
Durante o tempo no espaço, é preciso reciclar e reutilizar o máximo possível, explicou a astronauta britânica Meganne Christians. Na nave, não há chuveiros, mas há outras maneiras de se lavar, com o uso de uma toalha molhada com um pouco de sabão. Quando é necessário lavar o cabelo, eles utilizam um shampoo sem enxágue junto a uma toalha para fazer a limpeza dos fios.
Fluidos corporais, enquanto isso, são coletados por um tipo especial de vaso sanitário de sucção, impedindo que xixi e cocô flutuem no espaço. O primeiro britânico a embarcar na ISS, Time Peake, disse: “Nós urinamos em uma mangueira que tem um receptáculo cônico com um interruptor na lateral. Para um número dois, há um assento sanitário bem pequeno preso em cima de um recipiente de resíduos sólidos. Anexado está um saco emborrachado com uma abertura elástica.” A urina é reciclada e usada para beber.
Roupas lavadas também são limitadas: astronautas só trocam de roupa uma vez por semana.
Para a comida, em todas as refeições eles utilizam alimentos em pó ou preparados de forma especial ainda em solo terrestre. Uma alimento que se tornou popular é a tortilha, pois além de serem fáceis de armazenar (e durar por mais tempo quando guardadas), não produzem migalhas que podem dificultar o processo de comer.
“Os astronautas podem escolher quais refeições gostariam, desde que os valores nutricionais e calorias sejam mantidos dentro dos requisitos aprovados: 2800 calorias por dia”, explica o site da ESA.
Pelas diferenças nos horários, eles se reúnem para comer juntos apenas aos domingos.
Os vegetais não ficam de fora. Na estação, são cultivados vegetais frescos, como o alface. Assim, eles conseguem complementar os pratos, de acordo com informações do jornal Daily Mail.
Riscos ao corpo e à saúde
Períodos prolongados no espaço podem trazer diversos danos à saúde a alterações corporais aos astronautas. Um deles é o efeito nos músculos e nos ossos, que se degradam rapidamente sem a gravidade. Costas, pescoço, panturrilhas e quadríceps, responsáveis pela nossa postura, começam a atrofiar uma vez que param de trabalhar tanto quanto na Terra.
A falta de atividade física considerada suficiente pode torná-los doentes ao longo do tempo. “Quanto mais tempo você fica lá no espaço, mais danos isso causa ao seu corpo”, disse Meganne. “É realmente um envelhecimento acelerado, de certa forma. O fato de você não trabalhar contra a gravidade significa que seus músculos não estão trabalhando tão duro quanto normalmente fariam, e, claro, seu coração também é um músculo.”
Na ISS, há uma academia, na qual os astronautas devem se exercitar por cerca de 90 minutos por dia. “Você perde densidade óssea durante esse tempo, tem um risco maior de pedras nos rins, diabetes e também tende a ter problemas com os olhos.” A maioria dos sintomas tende a voltar ao normal quando retornam à Terra e começam a se recuperar das mazelas espaciais.
Outros efeitos do espaço no corpo incluem mudança da bactéria intestinal; perda de peso; alterações na visão; sensibilidade na pele; e até mudanças genéticas.
A odisseia da Boeing
Em 26 de junho, a Nasa afirmou que os astronautas não estão literalmente “presos” no Espaço e que o adiamento de sua partida da ISS é necessário para uma completa avaliação dos problemas técnicos da Starliner. As origens dos problemas estão no módulo de serviço da Starliner, uma seção da espaçonave que é descartada durante o retorno à Terra. Por isso, segundo a agência, os problemas precisam ser examinados enquanto a nave ainda está no espaço.
Dos problemas encontrados, a maior preocupação é a falha de múltiplos propulsores do sistema de controle de reação, que são essenciais para direcionar a Starliner durante sua partida da estação espacial e preparar a nave para uma queima crucial para a reentrada na atmosfera da Terra.
Nas últimas semanas, equipes terrestres da NASA e da Boeing concluíram testes de um propulsor em um banco de testes em White Sands, Novo México. A agência e a empresa testaram os propulsores da espaçonave em órbita para verificar seu desempenho enquanto acoplados à estação espacial. A Nasa disse que os resultados preliminares desses testes foram úteis, mas seguiu adiando uma decisão final sobre o retorno dos astronautas.
Além da Revisão de Prontidão de Voo adiada, a Nasa repassou cerca de R$ 1,7 milhão para a SpaceX em 14 de julho para um “estudo especial de resposta a emergências”. Desde então, a agência enfrenta discussões internas vigorosas sobre se a tripulação deve ou não voar para casa na Starliner. Alguns engenheiros acreditam que, se houver dúvidas sobre a Starliner, então a Nasa deveria optar pelo caminho mais seguro — voltar na Crew Dragon, que já foi e voltou em segurança 12 vezes.
O Globo
Nenhum comentário:
Postar um comentário