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sábado, 24 de junho de 2017

Noruega ameaça suspender completamente ajuda ambiental ao Brasil

Sábado, 24 de Junho de 2017 

por Jamil Chade, enviado especial | Estadão Conteúdo
Foto: Pedro Devani / SecomAC

O governo da Noruega, depois de reduzir em 50% o dinheiro destinado ao Brasil em 2017 para ajudar na preservação ambiental, alerta que pode simplesmente suspender qualquer repasse em 2018 ou 2019 se o País não atingir as metas de redução de desmatamento. O alerta foi feito pela primeira-ministra, Erna Solberg, depois de uma reunião na manhã desta sexta-feira (23) com o presidente Michel Temer (PMDB). "Se eles (brasileiros) não atingirem as metas, ele (o repasse) será reduzido ou não haverá pagamentos", disse a chefe de governo em Oslo à agência local NTB. Solberg e Temer fizeram uma declaração à imprensa após o encontro. Mas perguntas dos jornalistas não foram autorizadas. A norueguesa, porém, atendeu aos meios de comunicação do país, de forma separada e aceitando perguntas. Segundo ela, o acordo de cooperação ambiental com o Brasil vai até 2020 e não vê motivos para renegociar os termos do contrato. O Estado apurou que, dentro do governo norueguês, a possibilidade de um corte total de recursos é considerada. Mas isso dependerá das taxas de desmatamento. Para 2017, a redução deve ser de 50%. Se a situação não for revertida, o risco é de que em 2018 a suspensão completa possa já ocorrer. Por um acordo de 2008, a Noruega destinou já US$ 1,1 bilhão ao Brasil, para um fundo no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Mas outros US$ 500 milhões ainda seriam enviados até 2020. Em dois anos, o Brasil já perdeu R$ 196 milhões e, se o ritmo de desmatamento continuar, o dinheiro pode secar. No início da semana, ao Estado, o BNDES indicou que os programas de preservação poderiam ser mantidos por um ano, mesmo que houvesse uma interrupção total da liberação de novas verbas. Para a imprensa dos dois países, Solberg foi clara sobre o que ocorreu às portas fechadas com Temer. "Expressei minha preocupação de que o desmatamento no Brasil uma vez mais aumentou e que existem forças no País que querem enfraquecer as leis ambientais e reduzir áreas sob proteção", disse. Ela confirmou que, diante da situação, haverá um corte do envio de dinheiro de Oslo ao Fundo da Amazônia, no valor de quase R$ 200 milhões. "Haverá um menor pagamento em 2017", disse. Solberg afirmou que Temer "escutou" as preocupações do governo norueguês. "Esperamos que ele possa atuar." Temer, por sua vez, voltou a insistir nas medidas tomadas pelo governo. Mas precisou de ajuda dos ministros para se lembrar do nome do parque nacional que foi ampliado em seu governo. Segundo ele, medidas que reduziriam áreas de proteção foram vetadas. Depois, aos jornalistas brasileiros, ele minimizou o corte de recursos para a proteção ambiental. "Eles colaboram enormemente para o Fundo da Amazônia. As explicações dadas por mim e pelo ministro (do Meio Ambiente, José Sarney Filho), ficou muito claro uma revisão desses aspectos", completou.

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