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terça-feira, 13 de outubro de 2015

Em caso de licença de Eduardo Cunha assumiria um vice totalmente enrolado

Terça, 13 de outubro de 2015


Pense num Brasil vei desmantelado, vejam o que escreveu Josias de Souza sobre o vice de Eduardo Cunha:

A iluminação dos dados sobre as contas suíças que Eduardo Cunha diz não possuir espalhou perplexidade pela Câmara. A chegada à vitrine do cartão de crédito da senhora Cunha, com suas cifras milionárias, borrifou na atmosfera um aroma de enxofre. O miasma permanecerá no ar pelo tempo que durar a presidência de Cunha.

Esboça-se uma agonia longa. Mas poucos acreditam que ela dure até a próxima troca formal de comando, em fevereiro de 2017. Se Cunha abdicar da presidência, a Câmara terá de realizar nova eleição no prazo de cinco sessões deliberativas. Não há substitutos favoritos. Se Cunha pedir licença, assume o comando um deputado precário.

Você talvez nunca ouviu falar dele. Chama-se Waldir Maranhão (PP-MA). É o atual vice-presidente da Câmara. Responde a dois inquéritos no STF —ambos por suspeita de corrupção e lavagem de dinheiro.

Num esquema, desbaratado pela Operação Miqueias, da Polícia Federal, o vice de Cunha foi pilhado relacionando-se com o doleiro Fayed Traboulsi, preso em 2013, sob a suspeita de fraudar fundos de pensão de Estados e municípios em mais de R$ 300 milhões.

Noutro esquema, revelado pela Lava Jato, Waldir Maranhão foi citado pelo doleiro-delator Alberto Yousseff, preso em Curitiba, como um dos parlamentares do PP “cuja posição era de menor relevância dentro do partido e que recebiam entre R$ 30 mil e R$ 150 mil por mês” de mesada proveniente do petrolão.

A ficha corrida não é o único problema de Waldir Maranhão. Tomado pelas entrevistas que concede e pelos discursos que pronuncia na tribuna da Câmara, ele parece ser menor do que a estatura da crise.

Maranhão é um político do tipo que é capaz de falar durante horas sem dizer nada. O vídeo disponível no rodapé exibe uma entrevista concedida em maio passado. Nela, o personagem fala sobre sua ascensão à vice-presidência da Câmara. “É uma conquista do povo do Maranhão, do povo brasileiro e, em particular, da minha pessoa enquanto deputado federal reeleito, já no meu terceiro mandato.”

Sob suspeita de integrar a bancada que recebia mesada da Petrobras, Maranhão falava de um Legislativo independente. Expressando-se num idioma muito parecido com o português, o deputado soou assim:

“É com esse sentimento de homem público que nós estamos fazendo nesse exercício a possibilidade de contribuirmos para um Legislativo forte, à luz daquilo que o nosso presidente Eduardo Cunha hasteou a sua bandeira de luta, que foi a idependência do Parlamento. Uma indendência visando a harmonia entre os poderes…”

Veterinário, Maranhão preocupa-se com os seres de sua espécie ao discorrer sobre as deficiências do sistema de saúde público no seu Estado: “…Nós temos que garantir, através das ações básicas de saúde, as questõe de alta e média complexidade, um serviço à altura da necessidade dos seres humanos.”

Tido como especialista em educação, o deputado diz coisas definitivas sobre a matéria sem definir muito bem as coisas. “A educação, temos que entendê-la como uma ação, uma obra estruturante”, ensina Maranhão.

Ele prossegue: “O país precisa, de forma muito profunda, ter as suas raízes ancoradas na educação. Uma educação de base, uma educação que remeta ao ensino profissional, uma educação que dê condições legítimas de o cidadão chegar à universidade, que possamos fortalecer a nossa economia —expectativa de emprego, rendas e oportunidades outras— com certeza é o caminho mais duradouro, o mais saudável.”

Sem tomar fôlego, Maranhão acrescenta: “Um país que tem, hoje, o seu PIB com crescimento negativo, e isso é até uma contradição, mas o nosso crescimento do PIB é baixo. E, hoje, a receita em educação está na perspectiva de 10% do PIB nacional. Ora, e temos esse crescimento pífio.”

O que fazer? Bem, Maranhão acha que é preciso “encontrar, dentro do conjunto das ações articuladas, a transversalidade das políticas públicas e colocar o ser humano como centralidade, como possibilidade número um, da divergência à convergência.”

Para o vice de Eduardo Cunha, só a Educação resgatará o Brasil: “Mas nós podemos, sim, com esse diálogo, ampliando com a sociedade, dizer que só a educação salva. Precisamos salvar o Brasil, precisamos salvar o Maranhão, dando ao ser humano aquele caminho, aquele percurso, aquela —é…, assim…— aquela ferramenta legítima que é educar para transformar e avançar cada vez mais.”

Como se vê, um eventual pedido de licença do impensável acomodará o inacreditável na cadeira de presidente da Câmara, o terceiro assento na linha sucessória da República. O barulhinho que se ouve ao fundo —‘glub, glub, glub…’—é o ruído de Ulysses Guimarães se revirando nas profundezas das águas de Angra dos Reis.





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