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sábado, 29 de novembro de 2014

Guerra do Paraguai: bisneto de Solano López pede ao Brasil que devolva ‘canhão cristão’

Sábado, 29 de Novembro de 2014


Foto: Museu Histórico Nacional

Miguel Solano López é um dos bisnetos de Francisco Solano López, o presidente paraguaio na época da guerra. De acordo com ele, “para que as feridas se cicatrizem no Paraguai”, o Brasil precisa devolver um canhão que foi levado como troféu de guerra e atualmente está exposto no Museu Histórico Nacional, no Rio de Janeiro. A arma é conhecida como canhão cristão, por ter sido feita com o metal dos sinos das igrejas de Assunção. O Itamaraty, porém, afirma que não há “negociação em curso sobre o assunto ou pedido oficial por parte do governo do Paraguai”. Miguel Solano López tem 69 anos e é o embaixador do Paraguai em Londres. Na entrevista ao Jornal do Senado, ele fez questão de frisar que falava não como diplomata, mas como “descendente do personagem mais famoso da história do Paraguai”. A seguir, trechos da entrevista: “Considero a expressão Guerra do Paraguai ofensiva, porque dá a entender que foi o Paraguai que provocou o conflito. Prefiro chamar o conflito de Guerra da Tríplice Aliança. O paraguaio se sente ofendido até o fundo da alma quando se insiste em dizer que ele foi o culpado e que os aliados foram inocentes. O conflito foi provocado pelo Brasil. Quando me perguntam por que os paraguaios conhecem mais a guerra que brasileiros, argentinos e uruguaios, a resposta é simples: o Paraguai nunca conseguiu se recuperar completamente de toda aquela destruição. Compare com a 2ª Guerra Mundial. Os aliados, logo depois, fizeram um esforço para recuperar os países derrotados. A Alemanha e o Japão ressurgiram em poucos anos. No caso do Paraguai, mesmo passados 150 anos, isso nunca aconteceu. O Uruguai e a Argentina já deram passos importantes em direção à reconciliação. O Brasil, no governo de João Figueiredo, restituiu a espada que Solano López tinha na mão no momento de sua morte. Mas falta entregar o canhão cristão, que, dos troféus de guerra, é o mais caro aos paraguaios. Quando isso ocorrer, não tenho dúvidas de que as cicatrizes no Paraguai se cicatrizarão. A iniciativa da reconciliação deve partir do Brasil, que foi o vencedor, não do Paraguai.”

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