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sexta-feira, 27 de maio de 2011

Causa da queda do vôo 447 da Air France foi falha em sensor, dizem especialistas

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Avião subiu, perdeu estabilidade e caiu por três minutos e meio. Pilotos podem ter interpretado errado alarme de perda de sustentação.

Os pilotos que estavam no comando do Airbus da Air France que caiu no Oceano Atlântico, junho em 2009, podem não ter compreendido corretamente que a aeronave entrou em stall (perda de sustentação) e por isso adotaram procedimentos equivocados que podem ter levado à queda ao avião.

A opinião é de especialistas ouvidos pelo portal G1. Conforme dados divulgados nesta sexta-feira, dia 27, pelo Escritório de Investigações e Análises da França (BEA, na sigla em francês), que apura a tragédia, o alarme de stall tocou várias vezes durante os três minutos e 30 segundos de queda.

Conforme o presidente da Associação Brasileira de Pilotos e Proprietários de Aeronaves, George Sucupira, a tendência do piloto quando o avião está em stall é jogar o nariz da aeronave para baixo, ganhando assim velocidade e conseguindo obter a sustentação.

Os pilotos do AF 447, no entanto, fizeram um procedimento diferente do padrão em caso de estolagem da aeronave, conforme especialistas e técnicos em investigação de acidentes aéreos. Os pilotos do Airbus da Air France determinaram em todos os momentos que fosse elevado o nariz da aeronave, segundo o BEA.

Os pilotos receberam duas indicações de velocidade diferentes por pouco menos de 1 minuto, possivelmente devido ao congelamento dos pitots, sensores de parâmetros como altitude e velocidade, que passaram a enviar à cabine informações erradas. O texto divulgado pelo BEA não faz nenhuma análise sobre os fatos, apenas descreve como os pilotos agiram após o congelamento dos pitots, quando teve início a tragédia.

Diálogos dos pilotos

Os pilotos perceberam que estavam com informações erradas sobre a velocidade quando o piloto automático desliga-se automaticamente e eles assumiram manualmente o comando da aeronave. O piloto falou às 2h10min05 do dia 1º de junho de 2009 “eu tenho o comando”, mas sempre comanda a aeronave para subir. Onze segundo depois, disse “perdemos as velocidades”.

Como a caixa-preta registra informações de apenas dois pitots, o BEA divulgou que dois dos três pitots congelaram. O terceiro pitot, que fica no lado direito da aeronave, possivelmente também teve um problema. Eles passaram informações erradas à cabine. Neste instante, às 2h10min05s, o piloto automático desligou-se automaticamente e o alarme de stall disparou pela primeira vez. A velocidade nos mostradores caiu muito e, em seguida, o piloto tentou chamar várias vezes o comandante, que estava dormindo.

“O piloto percebeu que as velocidades informadas estavam erradas e achou que, para evitar o stall, talvez por achar que a velocidade estava aumentando ou que o nariz estava baixo, pode ter colocado o nariz para cima”, diz Sucupira.

ALARME – Às 2h10min51s, o alarme de perda de sustentação tocou várias vezes. Às 2h11min40s, o comandante de bordo retornou à cabine, mas não chegou a assumir o comando. E, nessa ocasião, os valores de velocidade pararam de ser registrados. E Airbus entrou em stall totalmente, e o avião começou a cair em uma velocidade vertical de mais de 10 mil pés por minuto, sempre mantendo a posição horizontal. Às 2h12min02s, o piloto no comando disse: “eu não tenho mais nenhuma indicação”.

Em alguns instantes, conforme explicam especialistas, o piloto faz ações de pique e comanda a aeronave para baixo, mas sempre mantendo a tendência de elevação do nariz do Airbus.

Dúvidas permanecem

A investigação não divulgou o motivo de os pilotos subirem a aeronave para mais de 38 mil pés e continuarem determinando que o nariz da aeronave se mantivesse para cima quando o Airbus entrou em situação de stall.

O BEA não informou se os pilotos entenderam de forma errada o alarme de stall e se haviam recebido treinamento para atuar em situações de anormais e de pane como essa. Em nenhum momento os pilotos conseguem recuperar a perda de sustentação da aeronave.

O presidente da Associação Brasileira de Pilotos e Proprietários de Aeronaves comenta um outro fato que pode ter contribuído para a queda. Um vôo da Ibéria que fazia o mesmo trecho e havia decolado pouco antes do AF 447 deslocou para leste, pouco antes de uma tempestade. Já o avião da Air France virou para oeste, mais para dentro da tempestade.

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