Terça, 11 de novembro de 2025
Watson, que fundou a Sea Shepherd e foi um dos criadores do Greenpeace, atua como ativista ambiental há mais de 50 anos. Seu trabalho concentra-se principalmente no combate à caça de baleias no Oceano Pacífico, prática que ele denuncia como ilegal quando realizada pelo Japão sob justificativa de pesquisas científicas.
A Sea Shepherd Brasil entrou na Justiça com um pedido de habeas corpus preventivo para garantir a liberdade do canadense durante sua permanência no país para a conferência climática da ONU. A organização tem histórico de documentar e denunciar internacionalmente a caça às baleias em áreas protegidas.
As ações da ONG resultaram em uma decisão importante da Corte Internacional de Justiça em 2014, que determinou que o programa japonês de caça às baleias não possuía legitimidade científica.
O conflito entre Watson e o Japão se intensificou em 2012, quando autoridades japonesas e costa-riquenhas pediram à Interpol a inclusão do nome do ativista em sua lista vermelha. Este instrumento permite que países troquem informações e realizem buscas automatizadas para localizar pessoas.
Em julho de 2024, Watson foi preso durante um evento na Groenlândia e permaneceu detido por cinco meses em uma penitenciária local até ser libertado pelas autoridades dinamarquesas.
A Interpol removeu o nome do canadense de sua lista vermelha no início de 2025, após reconhecer motivações políticas no pedido japonês. A organização internacional considerou desproporcional utilizar este mecanismo contra Watson, geralmente empregado para rastrear criminosos de alta periculosidade.
A Sea Shepherd emitiu um comunicado sobre o caso.
"Desde 2010, após confrontos com a frota baleeira japonesa no Oceano Antártico, o Japão tenta enquadrar Watson como criminoso por motivos banais, uma forma de retaliação às ações diretas de proteção às baleias", afirmou a organização.
Nathalie Gil, presidente da Sea Shepherd Brasil, pediu às autoridades brasileiras que resistam às pressões externas.
"Proteger quem protege o planeta é um dever ético e jurídico. Às vésperas de um dos eventos mais importantes no combate à crise climática e após todo o embate jurídico já finalizado, receber este novo pedido de extradição de um dos maiores defensores do meio ambiente no mundo é um grande desrespeito ao planeta, à humanidade e a todos os demais seres que vivem na Terra", declarou.
Watson também se manifestou sobre o caso, afirmando estar sendo "punido" pelo governo japonês por se opor à caça ilegal de baleias.
"Tudo o que conseguirão é expor ainda mais sua natureza criminosa, sua ganância desmedida e seu compromisso imoral em destruir a diversidade da vida no oceano", disse o ativista.
Representantes diplomáticos japoneses, quando contatados para esclarecer sua posição sobre o pedido de extradição, informaram apenas que o governo "não vai emitir nenhuma nota sobre o tema".

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