Sexta, 14 de novembro de 2025
De acordo com os documentos, a empresa ADS Soluções e Marketing — investigada por envolvimento no desvio de recursos de aposentados — transferiu R$ 120 mil diretamente para a conta pessoal de Bimbo e mais R$ 8,29 milhões para a Datacore, companhia de tecnologia da qual ele é sócio. O petista afirmou não se recordar das transferências nem do tipo de serviço que justificaria os pagamentos milionários.
Os relatórios de inteligência financeira, encaminhados à CPMI do INSS, indicam que os depósitos para a pessoa física de Bimbo ocorreram entre dezembro de 2023 e fevereiro de 2024. Já os repasses à Datacore foram feitos entre agosto de 2023 e julho de 2024, somando 22 transferências. Cerca de R$ 2,5 milhões foram pagos após o ingresso de Bimbo na sociedade da empresa.
Durante o mesmo período, o dirigente petista quitou um boleto de R$ 10.354,60 para o contador João Muniz Leite — profissional que, à época, administrava as contas de Fábio Luís Lula da Silva, o Lulinha. Leite foi alvo da Operação Fim da Linha, do Ministério Público de São Paulo, sob suspeita de lavagem de dinheiro para o PCC. Após o episódio, deixou de atender o filho do presidente. Questionado pela reportagem, o contador afirmou não se lembrar do motivo do pagamento.
Ricardo Bimbo é filiado ao PT desde 1989 e tem longa trajetória no partido. Atuou na campanha presidencial de Lula em 1998 e ocupou cargos administrativos durante a gestão de Marta Suplicy na Prefeitura de São Paulo (2001–2004), onde trabalhou ao lado de Rui Falcão, então secretário de Governo. Seu nome já havia sido citado em apurações do Ministério Público paulista sobre possíveis favorecimentos a entidades ligadas a militantes do partido, como o Instituto Florestan Fernandes.
Participação da ADS no esquema
A CPI que investiga a “Farra do INSS” descobriu que a ADS Soluções e Marketing, embora registrada como empresa de marketing, recebeu valores expressivos de associações suspeitas de realizar descontos indevidos em benefícios de aposentados.
Entre fevereiro de 2023 e julho de 2024, a Potyguar Associação de Proteção e Defesa dos Aposentados repassou R$ 43,1 milhões à ADS; a AAPPS transferiu R$ 23,2 milhões — sendo esta última alvo da Operação Sem Desconto —, enquanto a Apdap Prev enviou R$ 5,2 milhões e teve seus bens bloqueados pela Advocacia-Geral da União (AGU).
A ADS também fez repasses para outros investigados. O escritório de advocacia de Eric Fidelis, filho do ex-presidente do INSS André Fidelis, recebeu R$ 2,6 milhões. Além disso, a empresa manteve transações com uma firma pertencente à esposa do ex-procurador-geral do INSS, Vigílio Antônio Riberia de Oliveira Filho.
Segundo registros financeiros, até dezembro de 2024 a ADS ainda devia R$ 2,98 milhões à Datacore, de Bimbo. As movimentações registradas entre agosto de 2023 e julho de 2024 mostram a seguinte distribuição:
- R$ 2.952.033,00 (7 TEDs) – entre 1º de agosto e 30 de novembro de 2023;
- R$ 2.816.815,00 (5 TEDs) – entre 1º de dezembro de 2023 e 29 de fevereiro de 2024;
- R$ 2.528.762,73 (5 TEDs) – entre 1º de março e 31 de julho de 2024.
As investigações continuam em andamento e buscam esclarecer a real natureza dos serviços prestados, a origem dos recursos e o papel das empresas envolvidas no suposto esquema de desvio de verbas de aposentados.

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