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domingo, 17 de novembro de 2024

Lula faz diagnóstico sobre vitórias da direita em eleições: ‘Mundo é conservador’

Domingo, 47 de novembro de 2024

Foto: Ricardo Stuckert

O mundo, incluindo o Brasil, é conservador e, nele, políticos de direita comumente vencem eleições, salvo raras exceções. Esse é o diagnóstico feito na segunda-feira por Lula numa reunião com integrantes brasileiros do G20 Social no Palácio do Planalto. Nela, o presidente reconheceu que historicamente, inclusive no pleito deste ano, seu próprio espectro político (a esquerda) está em desvantagem.

A declaração de Lula sobre o tema estava inserida num discurso dele sobre as “tarefas” que precisam ser cumpridas futuramente por ele, pelo governo e pelos participantes do G20 Social. O governo está inaugurando essa frente de trabalho no bloco de países, numa tentativa de integrar a população às discussões diplomáticas. Um dos desafios globais da atualidade, segundo o presidente nesse contexto, seria lidar com o “avanço do negacionismo e da extrema-direita”. Disse ele:

— O mundo é conservador. Quando você fala: ‘A direita ganhou as eleições agora este ano’… A direita sempre ganhou as eleições. Aqui no Brasil, a direita sempre ganhou as eleições. Eu sou a única alternação de poder que aconteceu nesse país. Porque sempre foi gente de cima que ganhou as eleições (…). Eram todos gente da chamada classe dominante, da chamada elite política.

Além de citar a si próprio como “a única alternação de poder que aconteceu nesse país”, Lula cito o exemplo de Evo Morales (Bolívia) como o de outro político alheio às classes dominantes que conseguiu uma brecha para se eleger. Na sequência, num trecho de sua fala focada no contexto brasileiro, o petista fez referência à complexidade da relação de seu governo com o Congresso:

— O mundo é assim. Então, mudar esse mundo não é brincadeira (…). Nós voltamos a governar esse país. Só para vocês terem ideia da dificuldade do que é governar esse país, eu tenho no Brasil 513 deputados federais. O meu partido só tem 70. Aprovar alguma coisa eu preciso de 257. Eu tenho nove senadores (do PT) e 81 (ao todo) (…). Então, quando as vezes o movimento (social) fica dizendo: ‘Não, porque tem que colocar a cobrança de herança dos ricos’ (…). São eles que estão no Congresso.

Lula, então, prossseguiu discorrendo sobre o perfil econômico dos parlamentares brasileiros. E usou como exemplo os políticos ligados ao agronegócio:

— Não são os trabalhadores que estão no Congresso Nacional, não são os da agricultura familiar. São os fazendeiros que estão lá. As pessoas até se inscrevem a candidato (na eleição) como advogado (…), mas no fundo, no fundo, ele é um grande fazendeiro (…). Então, eu só quero dizer pra vocês a dificuldade que nós temos pra fazer cada coisa que nós precisamos fazer. E no mundo é muito pior.

O PT, partido do presidente, além dos deputados e senadores mencionados por ele, elegeu este ano 252 prefeitos pelo país. O número é inferior ao do PL, de Jair Bolsonaro, com 516 cidades conquistadas. Já o PSD, de Gilberto Kassab, fez 855 cadeiras no Executivo municipal.

Lauro Jardim – O Globo


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