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segunda-feira, 14 de junho de 2021

A Rede Globo, a “luz da ciência” e o apagão da democracia

 Segunda, 14 de Junho de 2021

Na última sexta-feira (11), a CPI da COVID ouviu dois oposicionistas de carteirinha: uma microbiologista midiática que nunca tratou de um paciente sequer, e que transita entre o histrionismo e a histeria, e um médico simpatizante assumido de Lula nas redes sociais.

Até aí, tudo bem.

Ocorre que a mesma CPI convidou para depoimento na próxima semana outros dois profissionais da área de saúde com posições opostas aos dois acima mencionados sobre essa doença nova, a respeito da qual as dúvidas ainda são maiores que as certezas, com inúmeros estudos chegando a conclusões diferentes.

A ideia é correta. Medicina não é ciência exata, e através do debate, com contraditório assegurado, o conhecimento médico tem evoluído ao longo dos séculos.

Surpreendentemente (ou não), no artigo abaixo (O Globo de ontem, 12/6/2021), um cidadão, apresentado como diretor de um certo Instituto de Estudos para Políticas de Saúde, faz um apelo à CPI para que NÃO OUÇA os especialistas que defendem o ponto de vista contrário ao dele.

Isso apesar desse ponto de vista (do qual ele tem todo direito de discordar) ser defendido por milhares de médicos brasileiros. Isso apesar do Conselho Federal de Medicina ter declarado reiteradas vezes que, no momento, nada está provado de forma definitiva, razão pela qual cada médico tem autonomia para prescrever o que achar correto.

Essa é a ideia de democracia dos “companheiros”: um lado (o deles) fala, o outro se cala.

Ah, sim: o instituto que esse cidadão dirige é parceiro de O Globo para uma análise semanal “à luz da ciência”, conforme o próprio jornal faz questão de anunciar.

ORA PRO NOBIS

Marcelo Rocha Monteiro. Procurador de Justiça no Estado do Rio de Janeiro.

  • Fonte: Jornal da Cidade Online

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