martins em pauta

sábado, 6 de março de 2021

Esquizofrenia governamental: Na hora do Deus nos acuda, igrejas são fechadas e equiparadas a parques de diversão


Sábado, 06 de Março de 2021

Está cada vez mais complicado, mais difícil, frequentar igrejas cristãs neste país. E é um país que tem Deus impresso na Constituição, como fundamento dela e da ordem social. Imagine se não tivesse! E é um país que tem previsão constitucional para garantia do exercício de liberdade de crença. Pensem se não houvesse!

Decretos de governadores de vários Estados decretam restrições a direitos individuais por um direito à saúde da população. O Estado liberal moderno é desse jeito, desengonçado, atrapalhado, esquizofrênico. Uma hora olha para o indivíduo, outra para as massas, outra não sabe para onde olhar. E, de repente, ninguém mais sabe em quem votou.

Decretos de governadores decretam lockdown em vários Estados do país. São Paulo é o maior restritivo a direitos individuais de pessoas que querem e necessitam trabalhar para ganhar o sustento. Mas isso vem em último caso, conforme se percebe...

Agora, em meu Estado catarinense, o governo acha que culto religioso é a mesma coisa que parque de diversão, tendo determinado o fechamento de igrejas e templos em dois finais de semanas seguidos, o anterior e o próximo. Ele deu uma de César, achando que é Deus. Sintoma de esquizofrenia governamental.

É que a brincadeira jurídica sobre essencialidade da atividade religiosa existe para espíritos menos afetos à subjetividade, à interioridade, mais carnais. Para eles, a questão é de mera cidadania fiscal.

Vi na página do governo barriga verde, hoje (03.03.2021 – escrevo a data porque talvez ela seja histórica, não sei...) que tem 681.391 casos confirmados, 639.281 pessoas recuperadas e 7.524 mortes. E de repente as vagas em UTIs acabaram, tem gente ficando sem saber o que fazer, onde se tratar.

E, ainda, todas as regiões do Estado estão com risco gravíssimo. Tem um mapa vermelhinho (coincidência?) na página do governo do Estado, demonstrando a situação.

É o momento do colapso, de fato. Onde buscar ajuda? O Poder Judiciário catarinense lavou as mãos por meio de um agravo de instrumento, onde deixou claro que o papel salvador e redentor está com o governador, que sabe mais administrar o caos do que eles da toga.

Ajuda divina? O imperador roubou essa possibilidade, fechando portas dos templos.

Quando Jesus referia para dar a Cesar o que é de Cesar e a Deus o que é de Deus falava não somente aos dízimos e às ofertas, impostos, coisas materiais. Era mais sobre condições espirituais, não apenas sobre cidadania fiscal.

De uma forma principiologica, Jesus ensinava que o temor a Deus é o princípio da sabedoria e que a religião é a base contra a tirania e o coletivismo. Russel Kirk confirma isso hoje.

E tudo isso eu falo mesmo sabendo que Deus é onipresente. Ele está onde eu, você, nós estamos. Mas a questão não é tão singela e não tem só essa vulgar simplicidade, como se a vida na Terra tivesse começado ontem com a invenção do novo Iphone 12. Lenio Streck defende praticamente essa mentalidade pequena, sobre cidadania fiscal, em artigo no site do CONJUR.

Se todos entendessem essa coisa louca que vem do alto, que a mera discussão sobre essencialidade da atividade religiosa é apenas a ponta do iceberg, a questão tomaria outro rumo.

Sérgio Mello - Defendor Público no Estado de Santa Catarina

Fonte: Jornal da Cidade Online

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