Sexta, 15 de março de 2024
Em depoimento à Polícia Federal, o ex-comandante da Aeronáutica Carlos de Almeida Baptista Junior afirmou que o ex-comandante do Exército Marco Antônio Freire Gomes ameaçou prender o ex-presidente Jair Bolsonaro caso ele não desistisse de levar adiante um plano golpista para seguir no poder em 2022.
Durante o interrogatório, Baptista Junior disse “que em uma das reuniões dos comandantes das Forças com o então Presidente da República, após o segundo turno das eleições, depois de o Presidente da República, Jair Bolsonaro, aventar a hipótese de atentar contra o regime democrático, por meio de algum instituto previsto na Constituição (GLO ou Estado de Defesa ou Estado de Sítio), o então comandante do Exército, general Freire Gomes, afirmou que caso tentasse tal ato teria que prender o Presidente da República”.
Freire Gomes também prestou depoimento à PF sobre o suposto plano de Bolsonaro e disse que “inclusive chegou a esclarecer ao então presidente da República Jair Bolsonaro que não haveria mais o que fazer em relação ao resultado das eleições e que qualquer atitude, conforme as propostas, poderia resultar na responsabilização penal do então Presidente da República”.
À Polícia Federal, Freire Gomes disse que era contra as ideias de Bolsonaro. O ex-comandante do Exército ressaltou que “deixou evidenciado ao então presidente da República Jair Bolsonaro e ao então ministro da Defesa Paulo Sérgio que o Exército não aceitaria qualquer ato de ruptura institucional”.
O comandante disse que Baptista Junior também não apoiava uma tentativa de golpe. De acordo com Freire Gomes, o ex-comandante da Aeronáutica “da mesma maneira se colocou contrário a qualquer medida que pudesse gerar uma ruptura institucional”.
Nesta sexta-feira (15), o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes retirou o sigilo dos depoimentos de militares e civis no inquérito que investiga uma suposta tentativa de golpe de Estado durante o governo de Jair Bolsonaro.
Freire Gomes teria ressaltado que deixou claro tanto para Bolsonaro quanto para o então ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, que o Exército não aceitaria qualquer ato de ruptura institucional.
O então comandante do Exército disse em seu depoimento que o brigadeiro Baptista Júnior também se posicionou contrário a qualquer medida que pudesse resultar em ruptura institucional.
Baptista Júnior afirmou em depoimento que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) apresentou uma minuta que “decretava a realização de novas eleições e a prisão de autoridades do judiciário”.
Segundo ele, o documento foi apresentado em uma reunião no Palácio da Alvorada, no dia 7 de dezembro de 2023. O encontro contou com a presença de Freire Gomes, do ex-comandante da Marinha, almirante Garnier, e do ministro da Defesa, Paulo Sérgio. O documento , segundo o depoimento do ex-chefe do Exército, é o mesmo encontrado na casa do ex-ministro da Justiça Anderson Torres.
Baptista Júnior relatou que participou de uma reunião com os chefes das Forças Armadas, o então Advogado-Geral da União Bruno Bianco, o ex-ministro da Defesa e o ex-presidente. No encontro, Bianco teria informado que as eleições “transcorreram de forma legal, dentro dos aspectos jurídicos e que não haveria alternativa jurídica para contestar o resultado”. A reunião teria acontecido em 1º de novembro de 2022.
O documento informava não haver irregularidades no processo eleitoral e que os boletins estavam em conformidade com os dados fornecidos pelo TSE.
R7
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