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quarta-feira, 18 de abril de 2018

Marina Silva diz que adversários de 2014 disputavam organização criminosa

Quarta, 18 de Abril de 2018

Foto: Edilson Dantas / Agência O Globo

Embora não tenha citado os nomes da petista Dilma Rousseff e do tucano Aécio Neves, a pré-candidata da Rede Sustentabilidade à Presidência, Marina Silva, disse nesta terça-feira que seus adversários na última eleição não estavam disputando o cargo, mas uma organização criminosa. Num discurso em que destacou de forma genérica o envolvimento de políticos em escândalos de corrupção, Marina disse ainda que, este ano, alguns deles estão em busca de um habeas corpus.

— Todos nós aprendemos que boa parte daqueles que estavam disputando a eleição (em 2014) não estavam disputando a Presidência, mas o controle de uma organização criminosa. Fazer uma disputa imaginando que estávamos discutindo ideais e propostas criou um problema. É um aprendizado meu, de saber que tem muita gente disputando uma espécie de salvo conduto, quase um habeas corpus — disse a pré-candidata, que participou de uma conferência com clientes do Banco Santander em São Paulo antes de falar com a imprensa.

A pesquisa Datafolha do último fim de semana indica que a candidata da Rede é quem mais se beneficia com o ex-presidente Lula fora da eleição. Ela cresce em alguns segmentos de eleitores clássicos do PT, como mais pobres, menos escolarizados e do Nordeste.

A ex-ministra defendeu a importância do fim do foro privilegiado, que deverá ser votado no início de maio no Supremo Tribunal Federal. Segundo ela, mais de 200 parlamentares são investigados, além daqueles que, de acordo com ela, se escondem às claras no Palácio do Planalto. Marina foi a terceira colocada nas eleições de 2014, atrás de Dilma Rousseff e Aécio Neves após chegar disputar a liderança e perder votos na reta final. Apesar disso, a pré-candidata afirmou que permanecerá com a mesma estratégia de abrir mão de alianças em troca de recursos financeiros e tempos de TV. A ambientalista disse que fará uma campanha “franciscana”, usando voos de carreira na madrugada para economizar.

— Chamei minhas amigas para fazer um brechó para renovar meu guarda-roupa — brincou.

Apesar da falta de estrutura que coloca dúvidas sobre sua competitividade, Marina Silva aparece na segunda colocação nos cenários pesquisados no último levantamento do Datafolha, empatada tecnicamente com o deputado federal Jair Bolsonaro, do PSL. A ex-ministra do Meio Ambiente durante o governo Lula foi a principal beneficiada da saída do petista do páreo.

Nos últimos anos, no entanto, Marina se afastou de seu antigo partido. Internamente, auxiliares de Marina permanecem irritados com a estratégia de desconstrução da imagem da pré-candidata feita pelo PT durante as eleições de 2014. No segundo turno, Marina Silva apoiou o senador Aécio Neves e, dois anos depois, foi favorável ao impeachment de Dilma Rousseff. Apesar de ganhar parte dos votos de Lula, Marina afirmou que não irá focar sua campanha nos antigos eleitores do ex-presidente.

— Não acredito nessa história de voto do PT, voto do Lula, voto da Marina. Temos que parar com a mania de privatizar o voto — afirmou.

A pré-candidata também não afastou a especulação de uma possível aliança com o ex-ministro do Supremo Tribunal Federal Joaquim Barbosa, que surgiu com 10% nas pesquisas. Segundo ela, apesar de não estar em diálogo diretamente com Barbosa, as conversas não precisam implicar na desistência de um dos dois. Segundo ela, o momento é de respeito e diálogo, não apenas com o PSB, partido do ex-ministro, como também com outros partidos para um possível apoio.

— Nesse momento de trevas políticas, quanto mais estrelas no céu, mais claro pode ficar o caminho — afirmou.

Marina Silva estava acompanhada de três auxiliares, entre eles o economista Eduardo Giannetti da Fonseca, que deve participar da formulação do seu programa econômico. O ex-presidente do Ibama, Bazileu Margarido, e a ex-vereadora do Rio, Andréa Gouveia Vieira também estavam com a pré-candidata.

No evento, Marina foi questionada sobre governabilidade e crise política. Após a palestra para integrantes do mercado financeiro, disse que a reforma da Previdência é necessária, mas se posicionou contra a proposta feita pelo governo Michel Temer. Para a ex-ministra, o atual presidente não tem legitimidade para a aprovação desse tipo de mudança. Perguntada sobre a capacidade de aprovar um projeto dessa magnitude governando com um partido nanico, Marina disse que mesmo o PT e o PMDB não conseguiram aprovar esses projetos.

— Essa pergunta deveria ser o contrário. Mesmo os partidos com grandes bancadas não tem governabilidade. Nós vamos governar com a força da opinião pública e baseados no nosso programa — disse.


O Globo / Blog do BG

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