Sábado, 09 de dezembro de 2023
“Chegava o fim de semana e alguém dizia: ‘Cara, vamos fazer um churrasco?'”, afirma o locutor enquanto um argentino cabisbaixo se aproxima da churrasqueira, tomando um mate.
No lugar da carne na grelha, uma pilha de tralhas. “Daqui a pouquinho, tudo vai melhorar”, encoraja o narrador enquanto a imagem se dissolve dando lugar a dois nomes, Alberto e Cristina.
O vídeo era de 2019 e propagandeava a chapa de Alberto Fernández e a vice Cristina Kirchner à Presidência da Argentina, mas, quatro anos depois, poderia ser de qualquer um de seus opositores.
Se quando o peronista assumiu, a população já diminuía a frequência do “assado”, agora que ele deixa o cargo a tradição virou privilégio no país vizinho.
Fernández entrega o bastão ao ultraliberal Javier Milei neste domingo (10) com uma inflação anual três vezes mais alta e um dólar paralelo 13 vezes mais caro do que quando tomou posse, o que nas ruas representa um crescimento da pobreza.
Também termina o mandato reprovado por 80% dos argentinos e marcado pela fama de sumido.
Por outro lado, é lembrado por ter diminuído o desemprego e feito alguns investimentos estratégicos na área de energia, por exemplo, que poderão ser aproveitados pela próxima gestão.
Ele se defende dizendo que atravessou uma pandemia, a guerra da Ucrânia e uma seca histórica. Mas os argumentos não parecem ter convencido a população, que deu ampla vantagem a Milei nas urnas.
A parte ruim é lembrada pelo argentino no supermercado todos os dias.
“Na minha família, fazíamos churrasco quase todo domingo, agora é uma vez a cada dois meses”, diz a advogada Carolina Rojas, 28, cujos pais e a irmã moram em Hurl(”).
Os preços em geral cresceram 850% nesses quase quatro anos, mais do que os salários, e a batalha declarada por Fernández à inflação acabou sendo sua maior derrota.
“Já estava ruim e terminou pior”, resume o economista argentino Ignacio Galará, do Centro de Estudos Monetários e Financeiros de Madri.
Folhapress
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